A exaustiva investigação realizada pelas autoridades europeias às ajudas atribuídas pelo Estado chinês aos construtores que produzem no país, consideradas ilegais à luz das regras da Organização do Comércio Mundial (WTO em inglês), chegou ao fim e com impostos pesados para atenuar as ajudas atribuídas pela China. Se numa primeira fase, em Julho, a União Europeia (UE) impôs taxas entre 17,4% e 38,1% à importação para o Velho Continente de carros chineses, que na altura considerou preliminares, eis que agora são conhecidos os impostos definitivos. E se há reduções, não são iguais para todos.
Durante a sua análise aos subsídios atribuídos pelos chineses à indústria automóvel instalada no país, os técnicos europeus concluíram que há um sem-número de formas do Estado ajudar os construtores a serem mais competitivos, que vão da simples atribuição de subsídios a empréstimos com taxas de juro muito favoráveis, passando pela venda de terrenos abaixo do preço de mercado. Os investigadores concluíram ainda que as ajudas variam consoante a origem dos fabricantes, privilegiando os locais, o que colide de frente com as regras da WTO.
Após o anúncio das taxas provisórias introduzidas a 1 de Julho, alguns construtores de automóveis visados apelaram da decisão, defendendo que deveriam ver os seus veículos serem menos penalizados por terem usufruído de ajudas inferiores. Analisadas as informações fornecidas, a UE acedeu ao pedido, com a principal beneficiada a ser a Tesla, cujo Model 3 vindo da China pagava 20,8% à entrada dos países europeus e viu a taxa ser reduzida para apenas 9%, uma queda de 56,7%.
Outra das reduções mais generosas foi atribuída à Mini, que produz os Cooper eléctricos na China e que foram expostos em Julho a uma taxa de 37,6%. Agora, depois da avaliação de dados adicionais, este imposto à importação para a Europa baixou para 21,3%, uma quebra de 43,3%. Não foi tornada pública a taxa a pagar pelo BMW iX3, também ele vindo da China, mas como este SUV eléctrico é produzido numa fábrica propriedade de uma joint-venture com um construtor chinês, controlado pelo Estado, deverá ser alvo de um tratamento similar. Quem também viu os impostos à chegada à Europa serem reduzidos de 37,6% para 21,3% foi o Cupra Tavascan, ainda que a Seat tenha declarado à Automotive News que pretende solicitar um corte superior, embora não tenha adiantado os argumentos que pretende esgrimir.
No capítulo da redução de impostos à importação para a Europa, menos “sorte” tiveram os construtores chineses, sobretudo os que são propriedade do Estado. A estatal SAIC, que inclui marcas comercializadas em Portugal como a Maxus e a MG, via os seus veículos serem penalizados em Julho com uma taxa de 37,6%, sendo que vai passar a pagar 36,6%. Já a Geely e a BYD, ambas chinesas mas privadas, tinham visto os seus veículos serem alvo de impostos de 19,9% e 17,4%, respectivamente. Agora, os modelos destes dois construtores passam a pagar 19,3% e 17%, uma redução pequena e que visa manter a sua distância relativa.