A Polícia Federal brasileira anunciou esta quarta-feira uma investigação sobre lavagem de dinheiro através de dois bancos digitais ilegais suspeitos de movimentarem 7,5 mil milhões de reais (cerca de 1,2 mil milhões de euros).
Num comunicado, a autoridade policial brasileira informou que a “Operação Concierge” visa uma organização criminosa que, por meio de dois bancos digitais, oferecia abertamente contas clandestinas, que “permitiam transações financeiras dentro do sistema bancário oficial, de forma oculta, as quais foram utilizadas por fações criminosas, e empresas com dívidas”, nomeadamente tributárias, entre outros fins ilícitos.
As contas desses dois bancos digitais, hospedadas em bancos regulares e autorizados pelo Banco Central do Brasil, movimentaram 7,5 mil milhões de reais (1,2 mil milhões de euros) ilicitamente, detalha a polícia.
No âmbito desta operação, a autoridade policial cumpriu esta quarta-feira dez mandados de prisão preventiva, sete mandados de prisão temporária e 60 mandados de busca e apreensão nos estados brasileiros de São Paulo e Minas Gerais.
Além das prisões e buscas, também foram determinadas judicialmente a suspensão das atividades de 194 empresas usadas pela organização suspeita para dissimular as transações, suspensão da inscrição de ordem de dois advogados, a suspensão do registo de quatro contabilistas suspeitos, além do bloqueio de 850 milhões de reais (138 milhões de euros) em contas associadas à organização investigada.
Os investigadores relataram que as contas bancárias ilegais eram anunciadas como contas garantidas porque eram invisíveis ao sistema financeiro e blindadas contra ordens de bloqueio, penhora e rastreamento, funcionando através de contas sem conexão entre remetentes e destinatários e sem ligação entre clientes e bancos de hospedagem.
Além das contas, a organização também terá utilizado meios de pagamento como máquinas de cartão de crédito em nome de empresas fantasmas, permitindo o branqueamento de dinheiro e pagamento de atos ilícitos de forma oculta.
Segundo a Polícia Federal brasileira, a investigação identificou e vinculou todos os suspeitos que, de alguma forma, se relacionaram com as atividades ilícitas da organização, seja no apoio logístico, financeiro ou operacional, com o objetivo de responsabilizar quem efetivamente comandam ou deu suporte logístico para execução dos crimes.
Entre os locais alvo das buscas, estão as sedes dos bancos que hospedam as fintechs ilegais e que não notificaram as transações suspeitas, bem como de instituições administradoras de cartões de crédito.
A Polícia Federal brasileira informou que os investigados poderão responder, na medida de suas condutas, pelos crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira, operação de instituição financeira não autorizada, evasão de divisas, ocultação de capitais, crimes contra a ordem tributária e organização criminosa.