O presidente da Agros, União de Cooperativas de Produtores de Leite, considerou esta quarta-feira que o envelhecimento geracional continua a ser um dos principais problemas do setor, e pede estímulos do Estado para inverter esta tendência.

“A questão geracional é, de longe, o maior falhanço da PAC (Política Agrícola Comum). Não é apenas um problema de Portugal, mas sim um problema mais premente em Portugal, porque somos o Estado membro mais envelhecido. Estamos neste limiar de transferência de gerações e seria importante mais estímulos do Estado que incentivassem a transmissão e retenção de conhecimento e talento”, disse Idalino Leão, presidente da Agros.

O responsável lembrou que “quando encerra uma quinta de produção de leite, o país perde capacidade produtiva”, vincando que a agricultura nacional precisa de reter as suas “mais-valias”.

“Precisamos que haja estabilidade, previsibilidade e rentabilidade no setor. Sem isso, será difícil um produtor de leite incentivar os seus filhos a continuarem na atividade. Caso contrário, perdemos mais-valias para outros setores ou mesmo para outros países. Enquanto português não queria ver isso acontecer”, acrescentou o dirigente.

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Idalino Leão lembrou que, tal como qualquer outra atividade agrícola, também o setor do leite “precisa de equilíbrio entre os três elos da cadeia: produção, transformação distribuição”, apontando a importância da atividade para o país.

“É importante alguma supervisão do Estado para que este equilíbrio se mantenha. Com isso, a rentabilidade será mais fácil de assegurar, e conseguiremos o objetivo de fixar pessoas, contribuir para a coesão territorial e gerar riqueza para país”, completou o líder da Agros.

Estes e outros temas vão ser debatidos a partir desta quinta-feira, 10.ª edição da AgroSemana — Feira Agrícola do Norte, promovida pela Agros, no seu espaço na Póvoa de Varzim, distrito do Porto.

“É um evento que pretende celebrar a agricultura, mostrar o que produzimos e nossa forma de estar no mundo rural. Queremos ter as portas abertas para mostrar alimentos seguros e saudáveis aos nossos consumidores, as nossas quintas e os nossos animais ao público, para haver uma maior aproximação entre quem produz e quem consome”, sintetizou Idalino Leão.

O evento que se desenrola até 1 de setembro, vai ainda incluir jornadas técnicas vocacionadas para os agricultores, espaços de gastronomia e diversão e ainda espetáculos musicais ao longo dos quatro dias.

O presidente da Agros vincou que a “agricultura também tem de te este papel agregador e de coesão”, mesmo acrescentando mais algumas dificuldades do setor do leite.

“Preocupam-nos os custos fixos da energia, os custos fiscais e dos bens que continuam desequilibrados no contexto Ibérico. É importante que o Governo, que tem dito que quer colocar agricultura no centro da agenda, comece a aplicar medidas de apoio com força, sem medo dos radicalismo verdes”, concluiu Idalino Leão.