Confiança, muita confiança, ainda mais confiança. Depois do triunfo frente a Federico Coria na primeira ronda do US Open, naquela que foi a vitória mais expressiva em encontros do Grand Slam com os parciais de 6-2, 6-4 e 6-1, Nuno Borges deu prolongamento a esse bom momento também no arranque da variante de pares, batendo com o companheiro Francisco Cabral a dupla formada pelo belga Zizou Bergs e pelo húngaro Fabian Maroszan pot 7-6 (6) e 6-2. Agora, seguia-se novo duelo em singulares, neste caso frente a Thanasi Kokkinakis, uma das grandes surpresas da edição deste ano ao eliminar a abrir o grego Stefanos Tsitsipas em quatro sets, com um caminho favorável que poderia valer mais do que o melhor resultado nos EUA.

Uma história escrita em menos de duas horas: Nuno Borges na segunda ronda do US Open com vitória mais expressiva num Grand Slam

Até aqui, Nuno Borges, que conhece bem o país por ter estudado na Universidade de Mississipi State durante os quatro anos em que fez o curso universitário (ganhando torneios e chegando a número 1 universitário nos EUA de singulares e de pares), tinha passado apenas por uma vez uma ronda no US Open, em 2022, quando ganhou a Ben Shelton. Agora, tinha pela frente a possibilidade de chegar pela primeira vez à terceira eliminatória e, tão ou mais importante, ganhar terreno para repetir a presença nos oitavos de um Grand Slam, tendo em conta que, com a saída de cena de Tsitsipas e Felix Auger-Aliassime, passava a ser o jogador mais cotado dessa parte do quadro (34.º, melhor ranking da carreira no ATP). No entanto, pela frente estava um Kokkinakis mais experiente e com redobrada motivação pelo encontro conseguido no arranque da prova.

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“Estou muito contente com a minha vitória. O segundo set foi chave para conseguir a vitória. Joguei bem nos momentos decisivos e no fim senti que fui superior, principalmente no primeiro e terceiro sets. Sei que o Thanasi [Kokkinakis] joga muito bem em Grand Slams e esta é a superfície favorita dele. Vou ter atenção ao serviço e à direita, que lhe dá muitos pontos. De resto, é manter o foco em mim e tentar ao máximo manter-me agressivo e em controlo, como tentei fazer com o Coria”, apontara Nuno Borges após o triunfo no arranque do quadro de singulares, projetando a partida diante do atual 86.º da hierarquia.

Por um lado, Nuno Borges poderia chegar pela primeira vez à terceira ronda do US Open, último Major da temporada. Por outro, ficaria com a possibilidade em aberto de igualar o seu melhor resultado de sempre num Grand Slam, ao ter pela frente no terceiro jogo no quadro de singulares o vencedor da partida entre o australiano Tristan Schoolkate e o checo Jakub Mensik. Em mais uma grande exibição a todos os nível frente a um adversário bem mais complicado, não perdeu a oportunidade e já fez mais história na carreira.

Depois dos três primeiros jogos de serviço em branco com avanço de 2-1 para o australiano, Nuno Borges enfrentou e ganhou o primeiro desafio do set inicial, salvando três pontos de break para fazer o empate antes de ter mais um jogo de serviço que foi às vantagens. Quando esteve em “perigo”, o português mostrou-se sempre ao melhor nível; quando teve a primeira oportunidade de quebrar o serviço, fez o 4-3 e não mais voltou a perder essa vantagem, fechando o primeiro parcial por 6-4 com um jogo de grande variedade que ia retirando a “explosão” que valeu a Kokkinakis a surpresa na ronda inaugural frente a Tsitsipas.

O segundo set trouxe novo cenário desfavorável a Nuno Borges e outra capacidade redobrada por parte do português em dar a volta e sair por cima: depois de ter perdido dois pontos para quebrar o segundo jogo de serviço do australiano, consentiu o break no seu serviço que fez o 5-3 mas deu a volta de imediato, fazendo o contra break e ganhando quatro jogos consecutivos que fecharam o segundo parcial em 7-5 com a versão mais temperamental de Kokkinakis a surgir entre duplas faltas e uma raquete atirada para a cadeira. O português estava a um triunfo da vitória, sendo que mais uma vez voltou a estar ao melhor nível quando era mais preciso: depois de ter perdido e salvo pontos de break, quebrou o serviço ao australiano para fazer o 6-5 e ganhou o encontro mais uma vez nas vantagens do seu serviço, fechando com mais um 7-5.