A presidente da câmara de Paris, Anne Hidalgo, anunciou vontade de manter os anéis olímpicos na Torre Eiffel mesmo depois dos Jogos terminarem, mas os descendentes de Gustave Eiffel não concordam.

Enquanto decorrem os Jogos Paralímpicos, a presidente da Câmara de Paris expressou a sua vontade de manter os anéis olímpicos no monumento icónico da cidade. Anne Hidalgo explicou numa entrevista à Ouest France que quer que o “espírito festivo permaneça” e acredita que “os franceses se tenham apaixonado novamente por Paris”.

Anne Hidalgo declarou na entrevista que, como presidente da câmara, a decisão de manter ou não a estrutura do anel que pesa 30 toneladas e tem as dimensões de 29 metros por 13 metros lhe cabe apenas a si.

Como presidente da câmara de Paris, a decisão é minha e tenho o acordo do Comité Olímpico Internacional (COI). Por isso, sim, vão ficar na Torre Eiffel”, disse, antes de dar mais pormenores sobre o projeto.

No entanto, esta ideia não está a ser bem recebida pelos descendentes de Gustave Eiffel que se opuseram realçando que a Torre Eiffel “não foi concebida para ser uma plataforma de publicidade”.

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Olivier Berthelot-Eiffel, tetraneto de Eiffel e presidente da Associação dos Descendentes de Gustave Eiffel (AGDE), realçou, no entanto, que a família não vê problemas em deixar os anéis mais algum tempo após a cerimónia de encerramento dos Jogos Paralímpicos. 

Mas explicou que apesar de terem ficado “encantados” com milhões de cidadãos de todo o mundo ao observarem a Torre Eiffel ostentar os anéis olímpicos durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024, a associação “não considera apropriado que a Torre Eiffel, que desde a sua construção, há 135 anos, se tornou o símbolo de Paris e, por extensão, da própria França no mundo, tenha o símbolo de uma organização externa, qualquer que seja o seu prestígio, ligado a ela de forma permanente”, avança o The Guardian.

Outro tetraneto do engenheiro francês disse à BFMTV que “a Torre Eiffel é um símbolo de Paris e da França e que tem uma vocação muito mais ampla do que ser associada a uma organização ou conceito como os Jogos Olímpicos”.

Anne Hidalgo afirmou que o comité olímpico internacional concordou que os anéis poderiam permanecer no monumento e que a câmara municipal é a detentora da torre e a acionista maioritária da empresa que a administra.

Depois do anúncio polémico, os defensores da herança parisiense criaram uma petição contra a ideia de Anne. Muitos utilizaram o X para expressar a sua opinião sobre a proposta da presidente considerando-a inclusivamente “estúpida“.

Também o vice-presidente da cidade de Amiens responsável pela Cultura e pelo Património usou o X para se expressar em relação ao assunto.

“Não me oponho a que se mantenham os anéis olímpicos na Torre Eiffel, mas não indefinidamente. Porque não até aos Jogos de Los Angeles 2028? Por outro lado, o caldeirão olímpico, que se tornou popular e icónico, deveria tornar-se um elemento permanente na paisagem dos monumentos parisienses”, lê-se.

Já a ministra interina da cultura, Rachida Dati, que deverá concorrer à câmara municipal de Paris em 2026 não parece tão entusiasmada com a mudança.

“Antes de qualquer decisão ou anúncio sobre esta matéria, é importante que todos os procedimentos e consultas destinados a proteger o património sejam respeitados”, escreveu na rede social X.

Construída para a Exposição Universal de 1889, desde 1964 que a Torre Eiffel é considerada um monumento histórico, tendo sido nomeado parte do património mundial da Unesco em 1991.