Associações ambientalistas e cívicas manifestaram esta terça-feira ao presidente da Câmara de Lisboa a sua oposição à expansão do Aeroporto Humberto Delgado, devido ao ruído e à poluição, e defenderam que a aposta deve ser feita no alargamento da ferrovia.

Dezenas de associações ambientalistas e de moradores da cidade de Lisboa estão a ser esta tarde ouvidas numa reunião pública extraordinária do executivo municipal para debater os efeitos do aumento da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado.

Numa curta intervenção inicial, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), assegurou que o executivo está de acordo com as limitações de voos, mas ressalvou que “deve existir um equilíbrio com a atividade turística e económica”.

Contudo, as entidades que estão a ser ouvidas manifestaram a sua oposição à expansão do aeroporto, alertando para as consequências que “já são visíveis”, nomeadamente a nível do ruído e da poluição ambiental.

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O presidente da Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Pedro Amaral, sublinhou que “um aumento da oferta irá aumentar a procura, agravando as consequências já negativas do funcionamento do Aeroporto Humberto Delgado.

“As verbas públicas deviam ser canalizadas para o transporte ferroviário”, defendeu.

No mesmo sentido, o presidente da associação Zero, Francisco Ferreira, referiu que a Declaração de Impacto Ambiental (DIA) do aeroporto de Lisboa é de 2006 e que previa o encerramento daquela infraestrutura em 2015.

“É inacreditável como é que nenhuma entidade põe isto em causa”, declarou.

Já José Rodrigues, do GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente) defendeu a abolição total dos voos noturnos e a aposta na ferrovia, “tornando viável o Aeroporto de Beja”.

“É totalmente viável que se faça uma viagem de Beja para Lisboa de comboio”, apontou.

Por seu turno, várias associações de moradores, como a Associação Residentes do Alto do Lumiar e da Serafina, descreveram os impactos negativos que a atividade do aeroporto tem no seu dia-a-dia, especialmente no período noturno.

“Não podemos subscrever este alargamento. Pedimos também à Câmara e ao senhor presidente que não subscreva este alargamento”, afirmou José Almeida, daquela associação.

A discussão sobre o aumento da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado está a ter lugar esta tarde, na Sala do Arquivo dos Paços do Concelho de Lisboa, e decorre de um pedido do PS.

Segundo a vereação socialista, vivem nas freguesias contíguas ao aeroporto “cerca de 100 mil pessoas, já sujeitas a impactos negativos em matéria de ruído, poluição e congestionamentos viários”.

Para participarem na discussão, a câmara convidou, por proposta do PS, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS), a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, o GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, a Liga para a Proteção da Natureza (LPN) e o movimento Morar em Lisboa.

As restantes forças políticas com representação na câmara – PSD/CDS, PCP, Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), Livre e BE – podem indicar outras entidades, tendo os bloquistas convidado a plataforma cívica “Aeroporto fora, Lisboa melhora”, que exige desde 2022 o fim dos voos noturnos e o cumprimento da Lei Geral do Ruído.