O bastonário da Ordem dos Psicólogos considerou esta quarta-feira “incompreensível” que o Hospital de Ponta Delgada não tenha um serviço de psicologia autónomo e defendeu que as intervenções à distância poderão ajudar a colmatar a falta de psicólogos.
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“Achamos bastante incompreensível como é que a organização dos serviços de psicologia em Ponta Delgada ainda não está de acordo com as práticas que há muito tempo preconizamos e que têm sido implementadas no continente, garantindo uma autonomia funcional”, afirmou à agência Lusa Francisco Miranda Rodrigues, que está de visita aos Açores.
Após uma visita da Ordem dos Psicólogos ao Hospital Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, ilha de São Miguel, o bastonário alertou que o “trabalho dos psicólogos não está organizado num serviço com autonomia” na maior unidade de saúde dos Açores.
Francisco Miranda Rodrigues defendeu que os psicólogos na área da saúde têm um trabalho “bastante amplo e transdisciplinar” que “não é compatível com uma dependência” de um “determinado departamento ou serviço dentro de uma unidade de saúde”.
“Isso, claramente, é algo que importa, rapidamente, a bem dos utentes, que seja feito. É matéria de organização dos serviços, mas que tem impacto. Pode não se ver tanto, mas tem impacto no serviço que é entregue às pessoas”, insistiu.
O bastonário da Ordem dos Psicólogos, que também visitou Santa Maria, elogiou o reforço de profissionais na unidade de saúde da ilha, mas lamentou que outras áreas tenham ficado “a descoberto”, exemplificando com o polo de prevenção de violência doméstica, que “deixou de ter uma psicóloga”.
“Se tivermos de ter profissionais a fazer atendimentos a pessoas que são, simultaneamente, a vítima e o agressor, temos um problema. Para que isso não aconteça, têm de ser tomadas algumas medidas”, alertou, salientando, também, que a Escola Básica e Secundária de Santa Maria necessita de um reforço de psicólogos.
Francisco Miranda Rodrigues defendeu que a realização de intervenções à distância pode resultar num “benefício grande para as populações”, uma vez que poderá evitar conflitos de interesse e colmatar a ausência dos profissionais.
“Julgo que está na altura, sobretudo em territórios com estas características, em algumas circunstâncias, adotar algo que é uma prática hoje no mundo, que é a existência da intervenção à distância. Tem é de se garantir que tal seja possível ao nível técnico e de segurança”, sugeriu.