O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenksy, mostrou-se empenhado, esta sexta-feira, em convencer os aliados do Ocidente a que lhe concedam autorização para utilizar armas de longo alcance para atacar a Rússia. “Queremos fazer com as que cidades russas e até os soldados russos pensem sobre o que eles querem: paz ou Putin”, argumentou o líder ucraniano, que recordou que isso poderia levar Moscovo à mesa das negociações.
Não obstante, os alemães e os norte-americanos não ficaram convencidos com os argumentos de Volodymyr Zelensky, que discursou durante uma reunião com os representantes dos países que apoiam a Ucrânia, na base aérea norte-americana de Ramstein, no oeste da Alemanha. Ainda que Washington e Berlim tenham dado a sua aprovação para atacar alvos em solo russo com algumas das suas armas sob certas condições, mantêm dúvidas em generalizar este apoio por medo de uma escalada com Moscovo, que está a ameaçar regularmente com o seu potencial nuclear.
Neste sentido, numa conferência de imprensa, o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, descartou a possibilidade de os EUA autorizarem expressamente a Ucrânia a usar as armas de longo alcance que estão a enviar para atacar alvos em território russo.
“Já tivemos antes esta discussão sobre tanques e outras capacidades. Em cada uma dessas vezes, salientámos que não se trata de uma coisa, mas sim da combinação de capacidades e da forma como estão integradas”, afirmou o responsável, acrescentando: “Não existe uma capacidade única que possa ser decisiva na campanha”.
Segundo o governante norte-americano, a Ucrânia “não se tem saído mal” desde o início da guerra, que se iniciou em fevereiro de 2022, o que justifica em grande parte com o apoio militar ocidental. Outros argumentos citados por Lloyd Austin foram o facto de a Rússia já ter deslocado os caças que utiliza para bombardear a Ucrânia para fora do alcance das armas de longo alcance, como o ATACMS dos EUA.
“Há muitos alvos na Rússia, obviamente, e há muitas capacidades que a Ucrânia tem em termos de drones, etc., para atingir esses alvos”, notou o secretário da Defesa, reiterando ainda que, “num futuro previsível”, os EUA “continuarão concentrados” em ajudar a Ucrânia a ser eficaz na defesa do seu território soberano.
Apesar desta ‘nega’ norte-americana, o Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, anunciou também esta sexta-feira uma ajuda adicional 250 milhões de dólares (cerca de 225 milhões de euros) para sistemas antiaéreos, veículos blindados, armas antitanque e munições para sistemas de foguetes e artilharia.
Volodymyr Zelensky não parece desistir e insistiu nesta ideia no Fórum de Cernobbio (norte da Itália), mesmo após a rejeição de Lloyd Austin. “Queremos utilizar armas de longo alcance contra as bases militares russas. Não estamos a tentar atacar civis. Nunca atacámos infraestruturas civis”, prometeu o Presidente ucraniano.