O Congresso de Deputados espanhol votou, esta quarta-feira, a favor de uma proposta que desafia o governo espanhol a declarar a vitória a Edmundo González, o candidato presidencial na Venezuela, reconhecendo a vitória do rosto da oposição a Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho. Ainda que não tenha efeitos práticos, a aprovação da proposta coloca pressão no executivo de Pedro Sánchez — María Corina Machado, o rosto da oposição venezuelana, diz ser uma “grande vitória”.

Um total de 177 deputados votaram a favor desta proposta apresentada pelo Partido Popular (PP), 164 votaram contra e registou-se uma abstenção. Entre os que se opuseram, está o Partido Socialista Obreiro Espanhol (PSOE), partido de Pedro Sánchez, que votou contra, tal como os parceiros mais à esquerda, como o Sumar de Yolanda Díaz, o Unidas Podemos, a Esquerda Republicana Catalã (ERC), o basco Eh Bildu e Bloco Nacionalista Galego (BNG).

No entanto, um parceiro que sustenta a maioria de Pedro Sánchez no Congresso dos Deputados decidiu votar a favor — e permitiu que a proposta fosse aprovada. O Partido Nacionalista Basco (PNV) aprovou proposta, juntando-se ao PP, ao Vox, à União do Povo Navarro (UPN) e à Coligação Canária. Por sua vez, o Junts per Cataluyna não marcou presença no plenário e não votou.

O PSOE justificou o voto contra, dizendo que prefere tomar uma decisão em conjunto com o resto dos Estados-membros da União Europeia, segundo o El Mundo. E prefere esperar até que o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano publique as atas completa, sendo que os socialistas criticam os populares por quererem reconhecer Edmundo González como Presidente eleito “sem atas nem nada”.

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Por sua vez, o Partido Popular, que teve uma delegação (onde também estava Sebastião Bugalho) barrada para monitorizar as eleições venezuelanas, defende que esta proposta pressiona o governo de Pedro Sánchez a reconhecer Edmundo González, que está exilado em Espanha, como Presidente eleito.

O convite da oposição, a viagem aprovada pelo Senado e a nega de Zapatero: como a delegação que integrava Bugalho foi barrada em Caracas

Em termos políticos, os populares conseguem ainda mostrar a divisão na coligação liderada pelos socialistas. Porém, como escreve o El País, o PNV já veio declarar que este apoio é extraordinário — e não significa qualquer rutura com o PSOE. Ainda assim, o partido basco destacou que “não há dúvidas da vitória da oposição” na Venezuela: “Vamos estar sempre à frente contra Maduro, a repressão e obscurantismo”.

Na sua conta pessoal do X (antigo Twitter), María Corina Machado celebrou a aprovação da proposta. “Obtemos outra grande vitória. Avançamos. Os venezuelanos agradecem a cada um dos deputados, dos distintos partidos, que votaram a favor da soberania popular, da democracia, da verdade e da democracia”, saudou o rosto da oposição.