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Ministro da Cultura de Espanha diz que país tem "dívida de memória" com o 25 de Abril de 1974: "Portugal ensinou-nos o caminho do possível"

Na abertura da Mostra Espanha, Dalila Rodrigues e o seu homólogo espanhol deram um "abraço fraterno" num "momento em que se estão a fomentar as relações culturais entre os dois países".

A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, e o ministro da Cultura espanhol, Ernest Urtasun, no MAC/CCB, em Lisboa
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A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, e o ministro da Cultura espanhol, Ernest Urtasun, no MAC/CCB, em Lisboa

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, e o ministro da Cultura espanhol, Ernest Urtasun, no MAC/CCB, em Lisboa

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Diante do quadro El abrazo, de Juan Genovés (1930-2020), a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, e o homólogo espanhol, Ernest Urtasun, abraçaram-se perante as câmaras dos fotojornalistas que captavam o momento inaugural da 8.ª edição da Mostra Espanha, esta quinta-feira no museu MAC/CCB, em Lisboa.

A obra, uma pintura realista de 1976 proveniente do Museu Reina Sofia, em Madrid, retrata um grupo de pessoas, quase todas de costas, gesticulando um abraço. “A mensagem de amizade e reencontro do quadro representa o processo democrático iniciado” em Espanha depois do fim da ditadura, com a morte de Franco, em 1975, lembrou Ernest Urtasun na primeira visita oficial a Portugal enquanto ministro da Cultura.

O economista e ex-deputado europeu, que foi vice-presidente do grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia e está no governo espanhol desde novembro, fez questão de sublinhar a importância do 25 de Abril de 1974 para o processo democrático em Espanha. “Em 2024 cumprem-se 50 anos desde aquele abril em que Portugal conseguiu quebrar a lei do medo e iniciar o seu caminho até à liberdade”, começou por dizer. “Essa esperança coletiva estendeu-se ao mundo inteiro, com a pacífica alegria da Revolução dos cravos, tão admirada pelos espanhóis”, continuou.

Lembrando que os ventos de liberdade se refletiram também na cultura, citou Grândola Vila Morena, de José Afonso. “Em cada esquina um amigo. Em cada rosto igualdade. Quantas vezes cantámos isto em Espanha?”, lançou. “Espanha tem uma dívida de memória com aquele 24 de abril de 1974”.

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A liberdade conquistada pelo povo português com a queda da ditadura “teve a sua réplica” em Espanha, voltou a frisar. “Portugal ensinou-nos o caminho do possível. Ensinou-nos que a vontade dos povos tem de ser sempre respeitada e que a paz que tanto necessitamos hoje pode ser revolucionaria”, concluiu, num discurso com alusões ao livro Novas Cartas Portuguesas, “com a sua mensagem urgente de feminismo e de contestação à ditadura, textos que enfrentavam a censura, levantando a voz contra a violência e a guerra colonial”, e aos autores portugueses Valter Hugo Mãe e Matilde Campilho.

A ministra da Cultura e o homólogo espanhol deram um simbólico “abraço fraterno”, em nome das relações diplomáticas entre os dois países ibéricos

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Já a ministra da Cultura portuguesa, Dalila Rodrigues, destacou o “momento em que se estão a fomentar as relações culturais entre os dois países, através de projetos no território transfronteiriço com uma grande qualidade”. Afinal, “o tempo da história partilhada entre os nossos dois países é o tempo mais longo que se adensa em séculos de fronteira e em milénios antes dela”, recordou.

Numa comunicação à imprensa sem direito a perguntas, o Observador interpelou ainda a ministra da Cultura sobre as declarações dadas em abril ao jornal Público, à margem da Bienal de Veneza, em que dizia que tinha o “compromisso do Governo para valorizar a Cultura”. Questionada sobre se esse compromisso será concretizado no Orçamento de Estado, Dalila Rodrigues contestou apenas: “sem dúvida”.

Almada Negreiros em Madrid, Juan Genovés em Lisboa e um desejo de estreitar de relações entre museus ibéricos

Se Lisboa mostra El Abrazo até 24 de novembro, no âmbito do programa Obra Convidada, Madrid recebe, a partir de 2 de outubro, a pintura Retrato de Grupo, de Almada Negreiros, figura central do modernismo português e que residiu na capital espanhola durante vários anos.

A circulação destas obras é, de resto, um reflexo do que pretende ser a Mostra Espanha, um festival bienal para divulgar as indústrias culturais do país ibérico, com uma programação entre setembro e novembro, em várias localidades portuguesas, como Lisboa, Porto, Guimarães, Braga e Miranda do Douro.

A obra "El Abrazo" ficará patente no Museu MAC/CCB, em Belém, Lisboa, até 24 de novembro, no âmbito do programa Obra Convidada

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Mas no caso do MAC/CCB, em Lisboa, a sua diretora artística, a espanhola Nuria Enguita, fez questão de sublinhar o desejo para que “esta colaboração seja o início de uma relação mais estreita com os museus espanhóis”. Já no final de junho, em entrevista ao Observador, Enguita havia recordado como “no princípio dos anos 90, havia muita relação [entre museus portugueses e espanhóis]” notando que “era outro momento”.

Até novembro, a programação da Mostra Espanha dará também particular enfoque aos processos de transição para a democracia nos dois países. Esta quinta-feira, Ernest Urtasun destacou, por exemplo, a exposição Portugal e Espanha, 50 anos de democracia, que poderá ser vista no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, com cerca de 60 documentos que testemunham o processo democrático nos dois países. A mostra apresenta um acervo documental selecionado para percorrer a história dos dois países com base em dois eixos: a crise final das ditaduras e o processo de revolução e transição.

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