Sven-Goran Eriksson, antigo treinador do Benfica que morreu recentemente, vítima de cancro, deixou uma última mensagem publicada no The Telegraph, onde escrevia uma coluna de opinião. “A vida é para ser sempre, sempre, celebrada”, escreve.

O ex-treinador do Benfica conta uma história de 2008 vivida com um antigo jogador, Didi Hamann, na altura em que treinava o Manchester City. Estavam em estágio, na Tailândia, e Eriksson e o seu assistente, Tord Grip, tinham acabado de receber a notícia que seriam despedidos no fim do estágio. “Fizemos o que qualquer pessoa faria, fomos buscar duas garrafas de champanhe e fomos para a beira da piscina”.

Didi estava também lá sentado e, espantado por ver o seu treinador e o adjunto com duas garrafas, decidiu perguntar, “o que estamos a celebrar, mister?”. Resposta: “Estamos a celebrar a vida, Kaiser. A vida”.

“Sempre foi esse o meu mindset, a vida merece ser celebrada”, reforça o ex-selecionador inglês, primeiro estrangeiro a treinar a seleção de Inglaterra, nesta coluna publica a título póstumo no jornal.

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Eriksson diz que escrever um artigo com as suas últimas palavras e as suas memórias o deixou pensativo e decidiu recordar os seus melhores momentos. “Ganhei a Taça UEFA com o Gothenburg, ganhei a Serie A e uma Taça das Taças com a Lazio, fui campeão três vezes com o Benfica e cheguei a uma final de Liga dos Campeões onde só perdemos para o AC Milan de Sacchi por 1-0. Não está nada mal”.

O antigo treinador recorda também os momentos não tão felizes ao comando da seleção inglesa, onde nunca conseguiu passar dos quartos-de-final de uma grande competição, e relembra alguns episódios caricatos: “Uma vez o Beckham pediu-me para ir às compras, em pleno estágio no Japão no Mundial de 2002. Nunca me tinha acontecido, os jogadores portugueses e italianos podiam ficar horas a beber café e a conversar, mas os ingleses precisam de matar o tempo pelos vistos.”

No entanto, Eriksson expressa o seu amor à seleção inglesa, mesmo não tendo sido feliz como gostaria: “Se tivesse ganho o Mundial com Inglaterra, eu reformava-me de certeza.”

Sven-Goran Eriksson diz ter-se sentido um “sortudo” por ter visitado todos os seus antigos clubes antes de morrer, onde foi sempre muito bem recebido e respeitado. “Têm havido muitas lágrimas nos últimos tempos, desde que recebi o meu diagnóstico de cancro terminal. Quase todas de alegria, por me sentir tão feliz de ter sido o treinador que fui. Espero que todos tenham gostado do treinador que fui”.

“Esta é a minha mensagem: nunca desistam. E lembrem-se, a vida é para ser sempre, sempre, celebrada”.