A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, acusou esta sexta-feira o PSD e o PS de manterem uma “discussão medíocre” sobre a falta de professores nas escolas e de não discutirem questões essenciais para a qualidade do ensino.

“Há anos que o PSD e o PS enredam as escolas numa discussão medíocre sobre quem é o responsável por haver menos professores nas escolas no início do ano Letivo”, criticou Mariana Mortágua, sustentando que “enquanto as escolas estão presas a este problema não conseguem discutir outras questões essenciais sobre a qualidade do ensino”.

A coordenadora do Bloco assinalou o início do ano letivo com uma visita ao Agrupamento de Escolas de São Gonçalo, em Torres Vedras, no distrito de Lisboa, onde lamentou que em vez de ter “um sistema educativo com qualidade” o país tenha “um sistema educativo que luta pela sobrevivência a cada início do ano letivo”.

Reagido às declarações do ministro da Educação, Fernando Alexandre, que em entrevista a uma televisão expressou objetivo de chegar ao final do mandato com zero alunos sem professor, Mariana Mortágua afirmou que haver docentes suficientes ” é um objetivo mínimo para que a escola possa funcionar” e lembrou que “a escola não é feita só de professores”.

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Há ainda, “o pessoal não docente de quem ninguém fala, auxiliares que ganham o salário mínimo nacional há 10, 20, 30, 40 anos, muitos deles sem quaisquer condições de trabalho, que não têm uma carreira e são eles que garantem a escola”, afirmou.

“Há uma portaria de rácios que diz qual é o número de auxiliares por quantidade de alunos, que não é revista”, vincou, afirmando que “muitas escolas não têm sequer os auxiliares suficientes”, quando estes profissionais “são uma componente essencial do sistema educativo”.

“Este Governo nega [aos auxiliares] uma carreira e por isso dizia, discutimos o básico. E por isso não conseguimos chegar a uma discussão sobre a qualidade do ensino”, disse a coordenadora do BE, defendendo ser preciso também ” atrair mais professores para a carreira” e profissionalizar e integrar na carreira docentes sem habilitação e precários que não estão nos quadros.

Esta é, para Mortágua, “a forma de garantir que há atratividade, que há professores e que a carreira se torna atraente o suficiente para atrair pessoas” e deixar de ficar “todos os anos nesta aflição de não ter professores suficientes”.

Mariana Mortágua falava na escola sede do Agrupamento de Escolas de S. Gonçalo, que integra 23 escolas frequentadas por 2.500 alunos, onde prestam serviço 310 professores e 190 funcionários não docentes.

A escola aplicou a proibição do uso de telemóvel aos alunos do segundo e terceiro ciclo, medida que a coordenadora do BE considera que devia ser alargada a todas as escolas.