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“Eu sou um violador como os que estão nesta sala. Todos sabiam, não podem dizer o contrário. Ela não merecia isto”, admitiu Dominique Pelicot, esta terça-feira, no regresso ao julgamento do caso em que é acusado de, durante 1o anos, ter drogado a ex-mulher, Gisele Pelicot, para deixá-la num estado de inconsciência total e permitir a sua violação 100 vezes por cerca de 80 homens desconhecidos que encontrava online. Na semana passada, a presença do arguido em tribunal foi dispensada devido a dores abdominais provocadas por “dificuldades intestinais” e uma “possível infeção urinária”. Agora, fala pela primeira vez desde o início do julgamento, na sala de tribunal.

Violada 100 vezes por 80 homens a mando do marido. O caso de Gisèle Pelicot que está a chocar França

Regressou com o presidente do tribunal, Roger Arata, a revelar na abertura da audiência as conclusões da perícia médica ordenada para apurar o estado de saúde de Dominique Pelicot. “O arguido, física e mentalmente, está apto para comparecer “, afirmou o magistrado.

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O principal arguido do caso de violação em série tem 71 anos e foi transportado na semana passada para um hospital onde permaneceu internado alguns dias. O juiz determinou que a audiência será realizada com um intervalo para descanso de 15 a 20 minutos, a cada 90 minutos, e autorizou que Dominique Pelicot assista numa poltrona, dada a sua condição de saúde fragilizada e tendo em conta a insistência do próprio e da sua defesa em prestar declarações.

Como destaca o Le Monde, o depoimento de Dominique Pelicot é crucial para o caso dos outros arguidos, cerca de 50, com idades entre os 26 e 74 anos, julgados por terem violado Gisele Pelicot. Nos próximos dias, o tribunal deverá continuar o exame, já iniciado, de quatro deles: Jean-Pierre M., 63 anos, Jacques C., 72 anos, Lionel R., 44 anos, e Cyrille D., 54 anos. Alguns dos co-arguídos têm optado por uma tese de defesa que se baseia na ignorância do estado de inconsciência da mulher francesa e, por consequência, do seu não consentimento.