O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse esta quarta-feira à Lusa estar a acompanhar a situação dos fogos em Portugal com muita atenção e vinculou esse cenário ao agravamento da crise climática.
Em resposta à Lusa, em Nova Iorque, Guterres – que tem na questão ambiental uma das prioridades do seu mandato – frisou que a “crise climática é um fator multiplicador de todas as tragédias que assistimos”.
“Tenho estado a acompanhar a situação dos fogos em Portugal com muita atenção”, disse o secretário-geral das Nações Unidas numa conferência de imprensa.
“É absolutamente evidente que o agravamento dos incêndios em Portugal, o agravamento das cheias na Europa central e oriental, o agravamento das cheias na Nigéria e um conjunto de outros desastres que vemos multiplicar por toda a parte no mundo tem uma relação direta com o agravamento da crise climática. Hoje ninguém tem dúvidas a esse respeito”, advogou.
Sete pessoas morreram e cerca 120 ficaram feridas, das quais 10 em estado grave, devido aos incêndios que atingem desde domingo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga e Viseu e que destruíram dezenas de casas e obrigaram a cortar estradas e autoestradas.
António Guterres recorreu também às redes sociais para abordar os incêndios florestais em Portugal, destacando que “os extremos climáticos estão a deixar um rasto mortal de destruição por toda a Europa”.
“Os meus pensamentos estão com todos os afetados. Precisamos de Ação Climática que corresponda à escala e urgência da crise”, escreveu o ex-primeiro-ministro na rede social X.
From floods in Central Europe to wildfires in Portugal, weather extremes are leaving a deadly trail of destruction across Europe.
My thoughts are with all those affected.
We need #ClimateAction that matches the scale & urgency of the crisis.
— António Guterres (@antonioguterres) September 18, 2024
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 106 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro, já arderam perto de 76 mil hectares.
Segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), esta quarta-feira pelas 12h00, estavam em curso 44 incêndios, dos quais 23 eram considerados ocorrências significativas, que envolviam mais de 3.000 operacionais, apoiados por perto de mil meios terrestres e 19 meios aéreos.
O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias e alargou até quinta-feira a situação de alerta, face às previsões meteorológicas.