O eurodeputado Francisco Assis foi um dos cinco socialistas que votou, esta quinta-feira, ao contrário do seu grupo no Parlamento Europeu numa proposta de resolução do PPE para o reconhecimento de Edmundo González Urrutia como presidente legítimo da Venezuela e ao Observador explica que nem hesitou, já que estão mais do que uma questão política, “era uma questão moral“.
Foi um dos cinco eurodeputados socialistas portugueses a votar a favor do projeto que foi negociado também com os socialistas europeus — em negociações que não tiveram sucesso. No final, o S&D acabou por votar contra, mas Assis não concordou com a posição e, juntamente com Isilda Gomes, Sérgio Gonçalves, André Rodrigues e Carla Tavares. A divergência aconteceu também dentro dos próprios socialistas portugueses, já que Marta Temido, Ana Catarina Mendes e Bruno Gonçalves votaram a favor.
Assis considerou que o “Parlamento Europeu, que tem o prémio Sakharov [para a Liberdade de Pensamento] e que luta pela liberdade devia ter esta posição” em relação à Venezuela. “González ganhou de forma inquestionável, com margem larguíssima“, acrescenta ainda ao raciocínio que o levou a tomar a decisão e onde também pesou a visita, em 2018, a campos de refugiados venezuelanos.
“Pelo conhecimento que tenho pela situação e por respeito pelos milhões perseguidos por um regime autocrático, tinha a obrigação moral” de votar a favor, disse ao Observador. “Não tive grandes dúvidas. Foi um imperativo de consciência. Esta é uma questão moral antes da questão política”.
A resolução conjunta foi aprovada com 309 votos a favor, 201 votos contra e 12 abstenções e insta os países da União Europeia a encetarem todos os esforços possíveis para assegurar a tomada de posse de Edmundo González no dia 10 de janeiro de 2025.
Acedendo a uma reivindicação do Partido Popular Europeu (PPE), a resolução também pede a detenção de Nicolas Maduro por “crimes contra a humanidade e por todas as graves violações dos direitos humanos”.