Um tribunal sudanês condenou este domingo à morte 18 combatentes e simpatizantes do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR) pelo ataque ao aeroporto de Merowe em 15 de abril de 2023, primeiro dia de rebelião contra o Exército.
O Tribunal de Criminal de Atbara, no norte do Sudão, também apreendeu os fundos destes 18 arguidos, que aguardam na prisão para serem executados por enforcamento, depois de terem sido condenados por “participar e colaborar no enfraquecimento do sistema constitucional do país e expor ao perigo a sua independência e unidade”.
Entre outros crimes foram acusados de “incitação à guerra contra o Estado, perigo de meios e de meios de transporte”, numa referência ao aeroporto de Merowe, bem como “vandalismo, crimes contra a humanidade, pilhagem e sabotagem de bens públicos”.
Este foi o primeiro caso que o tribunal recebeu desde o início da guerra, em 15 de abril de 2023, data a partir da qual ambos os lados opositores teriam cometido crimes de guerra, segundo várias organizações internacionais e as Nações Unidas, citadas pela agência noticiosa Efe.
Estes 18 condenados foram intimados pela primeira vez em novembro de 2023 pelo tribunal, depois de terem sido acusados de atacar o aeroporto de Merowe, onde também se localizava uma importante base militar que contava com a presença de soldados do Exército Egípcio que foram destacados para o Sudão para treinar os militares sudaneses.
Entre os condenados estão 17 combatentes, incluindo um comandante das FAR, Ahmed Mohamed Omar, mas também um civil acusado de colaborar e acolher paramilitares na sua casa durante o ataque às instalações.
Esse ataque matou 43 pessoas e feriu 79 membros das Forças Armadas sudanesas e a destruição quase completa do aeroporto e danos a um grande número de aeronaves.
A guerra no Sudão eclodiu no meio de um processo de integração das FAR nas forças regulares, que desencadeou uma luta pelo poder entre os generais de ambas as fações que levou a um conflito sangrento que resultou em dezenas de milhares de mortes e mais de 10 milhões de deslocados.