Ativistas do Climáximo pintaram esta sexta-feira de vermelho uma fachada do Castelo de São Jorge, em Lisboa, num apelo para que se pare “de normalizar a violência da crise climática” e pedindo uma ação de “resistência em massa” em novembro. Num comunicado, acompanhado de um vídeo, o movimento relatou ter entrado esta manhã no castelo para pintar uma fachada do edifício histórico e lançar uma faixa com a inscrição “23 Nov, Parar Enquanto Podemos”, numa referência à ação de protesto e reivindicação marcada para a altura em que estarão a ser fechadas as discussões da Conferência das Nações Unidas pelo Clima (COP29) e do Orçamento do Estado (OE) português para 2025.

Os ativistas afirmaram que a crise climática “é um ato deliberado de guerra por parte de governos e empresas contra as pessoas e o planeta”, e que a sociedade tem de parar de normalizar estes “ataques contra a vida” e “resistir contra os culpados”. Sara Gaspar, apoiante do Climáximo e porta-voz da ação desta sexta-feira, sublinhou, citada na nota, que o verão de 2024 foi o mais quente desde que há registo e lembrou os incêndios rurais que na semana passada atingiram as regiões Norte e Centro, com o registo de nove mortes e dezenas de casas destruídas.

Os fogos, lembraram os ativistas, terão efeitos cada vez mais nefastos, assim como os períodos de seca extrema, as tempestades e as ondas de calor, e os culpados, acrescentaram, são os governos e empresas “que decidem mantar os seus lucros com a queima de combustíveis fósseis”. Segundo o movimento, as ações destas entidades estão a condenar as pessoas “à morte e à miséria”, havendo a necessidade de serem travados.

“Apesar de este ter sido um ano em que os impactos da crise climática se fizeram sentir com extrema intensidade, os governos de todo o mundo continuam a permitir a expansão da queima de petróleo, gás e carvão e investimentos em novas infraestruturas fósseis”, acusou o Climáximo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Sara Gaspar, que é biológica, referiu que os castelos são algo que todas as pessoas querem preservar, mas questionou de que servem monumentos históricos se se permite que “a humanidade passe à história”. “Amanhã o castelo de São Jorge estará restaurado, mas as pessoas mortas e casas destruídas não irão regressar. Enquanto não pararmos de consentir e começarmos a mobilizar-nos para desafiar os planos assassinos de governos e empresas, eles vão continuar a matar e causar devastação por todo o lado”, reiterou.

EGEAC repudia “ato de vandalismo” no Castelo de São Jorge

A empresa municipal que gere os equipamentos de animação cultural em Lisboa repudiou o que considera ser um “ato de vandalismo” e referiu que já entregou o caso “às autoridades policiais competentes”. Em comunicado, a Empresa Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) de Lisboa lamentou e repudiou o “ato de vandalismo” dos ativistas, uma vez que danificaram “um monumento nacional, património classificado e único da cidade e do país”.

“O assunto está entregue às autoridades policiais competentes para o desenvolvimento do procedimento criminal contra os autores deste ato”, sublinha a EGEAC.