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São declarações que estão a causar polémica na Hungria. Um dos principais conselheiros do primeiro-ministro húngaro, Balázs Orbán, sugeriu, num podcast, que se a Rússia decidisse invadir território húngaro, o país simplesmente se renderia e não combateria contra as tropas de Moscovo.

Comentando a guerra na Ucrânia, Balázs Orbán afirmou que, se a Rússia atacasse a Hungria, o governo húngaro “não teria feito o que Zelensky fez há dois anos e meio”. O facto de o Presidente ucraniano ter resistido foi “irresponsável”, sublinhou o conselheiro, citado pelo Politico.

Balázs Orbán explicou que o Presidente ucraniano colocou o país “numa guerra de defesa” que causou “a morte de pessoas” e a “perda de território”. “É o seu direito, é a sua decisão soberana, eles têm o direito a fazê-lo. Mas se tivéssemos sido questionados, não o teríamos aconselhado [a resistir].”

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Para fundamentar o seu ponto de vista, o conselheiro do primeiro-ministro da Hungria lembrou a Revolução Húngara de 1956, em que manifestantes se revoltaram contra o regime comunista que vigorava na altura. A União Soviética enviou ajuda militar para Budapeste, de modo a abafar a revolta — algo que acabou mesmo por acontecer.

“Em 1956, aconteceu o que aconteceu”, frisou Balázs Orbán, acrescentando que a Hungria tem de ser “cuidadosa” com “vidas húngaras muito preciosas”.

Na cena política húngara, estas declarações motivaram uma forte resposta da oposição. O principal rival de Viktor Orbán, Péter Maygar, acusou, no Facebook, o conselheiro do primeiro-ministro de “humilhar a memória de milhares de combatentes da liberdade húngaros, muitos dos quais — ao contrário de Balázs Orbán — prontificaram-se para sacrificar as suas vidas pela liberdade e independência do seu país”.

Por conseguinte, Péter Maygar considera que Balázs Orbán não tem condições para continuar no cargo e deve demitir-se. Também Ferenc Gyurcsány, antigo primeiro-ministro, pediu a sua demissão, atirando: “O governo de Orbán teria entregue a Hungria aos russos sem luta”.

Numa publicação no Facebook, após a polémica, Balázs Orbán acusou a “imprensa da propaganda da guerra” de ter deturpado as suas palavras. E reafirmou a posição de Budapeste no conflito entre a Rússia e a Ucrânia: “A guerra nunca deveria ter começado e devia terminar o mais rapidamente possível por meios diplomáticos”.