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Começou esta tarde, por volta das 16h, a manifestação contra a imigração, marcada pelo Chega. Com um forte dispositivo policial, os manifestantes juntaram-se na Alameda e desceram a Avenida Almirante Reis, em direção ao Martim Moniz. Ainda não há números oficiais sobre a participação nesta manifestação.

Ao mesmo tempo, no Largo do Intendente, a plataforma Não Passarão organizou uma concentração que juntou diferentes organizações e que se manifestou contra o desfile do Chega e defendendo a imigração. No local está um forte dispositivo policial, com várias carrinhas da policia de intervenção.

Pelo menos duas pessoas que participavam nesta segunda manifestação foram detidas, segundo testemunhou o Observador.

No início da marcha, André Ventura falou aos jornalistas e defendeu que esta é “uma manifestação histórica, no sentido em que é a primeira vez na história de Portugal em que um grande movimento sai à rua para dizer que quer não acabar com a imigração, mas controlo na imigração”.

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“Portugal está a ter uma imigração descontrolada. Quer o governo socialista, quer este Governo, não tem intenções de mudar esta política. Isto significa que é o povo que tem de sair à rua e dizer que quer um país, não com portas fechadas a todos, mas um país que controla as suas fronteiras. Este é o motivo desta manifestação”, acrescentou, defendendo um sistema de quotas para a entrada de imigrantes, gerido a partir das necessidades económicas do país.

Os manifestantes seguram cartazes com frases como “expulsão de imigrantes que cometam crimes”, uma ideia que é, aliás, repetida por André Ventura. “E quem entra nessa quota e vem por mal? Para nós só há uma solução e eu acho que este povo todo hoje aqui vai dizer isso mesmo, quem cometer crimes em Portugal sendo imigrante só tem um caminho: a deportação. Criminosos, infelizmente, já os temos cá”, disse o líder do Chega aos jornalistas, este domingo.

Cerca de 20 minutos antes do arranque, chegou ao local o líder do movimento de extrema-direita 1143, Mário Machado, acompanhado de algumas dezenas de pessoas, na maioria vestidos de preto, que se concentraram a alguns metros dos manifestantes e entoaram cânticos como ‘Portugal é nosso e há de ser’.

O Presidente da República já reagiu a esta manifestação. Marcelo Rebelo de Sousa defende que “o direito de manifestação é um direito próprio da democracia” e que “pode por vezes haver choques, pontos de vista diversos, mas o grosso dos portugueses é muito pacífico, muito calmo, muito tranquilo”.

Manifestação foi “tiro de partida”

Já no fim da manifestação, num palco montado no Rossio, André Ventura disse que este foi o “tiro de partida” para um movimento de “reconquista da identidade nacional”.

“Aqui mandamos nós, aqui mandamos nós, aqui mandamos nós”, repetiu inúmeras vezes.

O líder do Chega admitiu que “uma manifestação não fará a transformação que Portugal precisa”, mas considerou que o protesto de hoje “é o tiro de partida”.

“O país costuma dizer que uma andorinha não faz a primavera, uma manifestação não faz a primavera. Mas é essa primavera lusitana, é essa primavera portuguesa que eu quero que vocês tenham no coração a partir de hoje: o maior movimento de sempre, de reconquista da alma nacional, de reconquista da nossa identidade e de reconquista desta bandeira”, disse.

Na audiência, ouviram-se gritos de “Reconquista, reconquista”, que é também o nome de um grupo ultranacionalista de extrema-direita.

Durante o comício e ao longo da manifestação, foram também audíveis os gritos de “Remigração é solução”, outro conceito utilizado pela extrema-direita para o retorno forçado de imigrantes aos países de origem.

No palco, Ventura não usou este termo, mas defendeu que não é ser radical defender que “quem comete crimes deve ser devolvido à sua terra”.

“A esses, sejam eles quem forem nós dizemos: deportação, deportação, deportação”, afirmou.