Morreu Kris Kristofferson, ator, músico country e o compositor de temas para músicos como Janis Joplin ou Johnny Cash. O norte-americano morreu no sábado, aos 88 anos, na sua casa em Maui, no Havai, anunciou a porta-voz Ebie McFarland, já este domingo.
Não foi indicada a causa da morte do artista. “É com o coração pesado que damos a notícia da morte do nosso marido, pai e avô Kris Kristofferson, que morreu pacificamente no sábado, 28 de setembro, em casa”, anunciou a família numa publicação no Instagram. “Fomos tão abençoados pelo seu tempo connosco.” A publicação é feita em nome dos oito filhos do ator e músico — Tracy, Kris Jr, Casey, Jesse, Jody, John, Kelly e Black — e dos seus sete netos.
Kristofferson nasceu a 22 de junho de 1936, em Brownsville, no estado do Texas. O pai era um major da Força Aérea dos EUA e incentivou desde cedo o filho a seguir uma carreira militar. Kristofferson serviu no exército, onde pilotou helicópteros. Em 1954, ingressou na Pomona College, na Califórnia, na esperança de se tornar um escritor, e continuou os estudos na Universidade de Oxford, focando-se na Literatura.
Recusou uma nomeação para lecionar Inglês na Academia Militar dos EUA, em West Point. Saiu do exército, contrariando o desejo da família, que cortou laços com Kristofferson, para seguir uma carreira como compositor em Nashville.
Ao longo de uma carreira de seis décadas, foi músico e autor das letras de alguns dos mais conhecidos temas dos EUA. O primeiro êxito de Kris Kristofferson como autor foi “For the Good Times”, seguindo-se “Sunday Morning Coming Down”, que se transformou num êxito na voz de Johnny Cash, ou “Me and Bobby McGee”, para Janis Joplin — com quem teve um breve romance na década de 70. O músico foi ainda responsável pela autoria de “Help Me Make It Through the Night”.
No seu próprio repertório, lançou discos como “Jesus Was a Capricorn”, com o tema “Why Me”, que chegou à tabela dos lançamentos mais vendidos em 1972. Ganhou vários prémios Grammy ao longo da carreira, como melhor canção country por “Help Me Make It Through the Night” e por alguns duetos com Rita Coolidge, com quem foi casado entre 1973 e 1980.
Porém, Kristofferson era o primeiro a criticar a própria voz. “Não acho que seja um bom cantor”, confessou à Rolling Stone em 2016. “Não consigo pensar numa canção que tenha escrito que não goste mais da forma como outra pessoa canta.”
Ainda nos anos 70, Kristofferson chega ao grande ecrã, dando início a uma carreira que totaliza mais de 100 créditos no cinema e em televisão. Depois da participação em alguns filmes no início da década de 70, foi escolhido por Martin Scorsese para dar vida ao protagonista do drama “Alice já não mora aqui”, em 1974, ao lado de Ellen Burstyn. Dois anos depois, protagonizou “Nasce uma Estrela” ao lado de Barbra Streisand, papel que lhe valeu um Globo de Ouro.
Na década seguinte, Kris Kristofferson continuou a carreira como músico e ator, ainda que no cinema não tenha conseguido repetir o sucesso dos anos 70. Em parte, devido aos problemas com o abuso de álcool e drogas após a separação de Rita Coolidge, o seu segundo casamento.
Antes, tinha casado com a namorada de longa data Frances Beer, de 1960 a 1969. O terceiro casamento de Kristofferson, com Lisa Meyers, foi o mais longo, de 1983 até agora.
Em 2004, Kristofferson foi incluído no Hall of Fame da música country. “Kris Kristofferson acreditava que a criatividade era um dom de Deus e que quem ignorava um dom desse tipo estava destinado à infelicidade”, diz o CEO do Hall of Fame da música country. “Pregou que uma vida da mente dá voz à alma e o seu trabalho deu voz não só à sua alma como à de outros. Deixa um legado retumbante.”
O cantor e ator estava afastado dos palcos desde janeiro de 2021. O seu último concerto foi em Fort Pierce, na Flórida, em fevereiro de 2020.