No final, quase tudo continuou na mesma. O PSV, que não perdia há 41 jogos como visitado, somou outra partida nessa série. O Sporting, que marcava há 33 encontros consecutivos, voltou também a fazer mais um golo para prolongar o registo. Ah, e também o Sporting, que em todos os encontros realizados nos Países Baixos marcara pelo menos uma vez, manteve a série. No final, quase tudo continuou na mesma. Ainda assim, e no final, ninguém conseguiu propriamente festejar uma vitória, com os leões a saírem um pouco mais satisfeitos perante as características do encontro, as oportunidades e o próprio timing do 1-1.

A injustiça poética do mais injustiçado numa equipa com pés mas sem botas (a crónica do PSV-Sporting)

O plano original de jogo não resultou, as substituições foram melhorando a equipa e o empate chegou mesmo a seis minutos do final, com Daniel Bragança a marcar pela primeira vez em jogos consecutivos pelos leões, naquele que foi também o primeiro golo do médio nas competições europeias. Outro ponto de curiosidade? Maxi Araújo fez a assistência para o empate e Harder, que entrou com o argentino, foi o jogador com mais remates dos lisboetas na partida. Ainda assim, aquilo que ficou como principal imagem da partida foram mesmos as inúmeras escorregadelas dos jogadores do Sporting que também não passaram ao lado de Gyökeres, sueco que não marcou como tinha acontecido no Estoril e que aproveitou a passagem da câmara televisiva pelo campo no final da partida para soltar um “Nice skating here” (“Boa patinagem no gelo”).

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“Foi um jogo difícil, onde não entrámos bem. Perdemos todas as bolas divididas e isso complica o jogo, dá muita energia ao adversário. Escorregámos também em momentos importantes e faltou alguma ligação, principalmente no início. Deixámos o PSV crescer. Depois há o golo, novamente numa bola onde queremos sair a jogar e perdemos a bola. Depois equilibrámos e na segunda parte foi um jogo mais partido, com oportunidades para os dois lados. O Quaresma a escorregar sozinho, o De Jong a falhar… Um jogo divertido para as pessoas, difícil para os treinadores. Podíamos ter feito melhor mas temos muito por onde crescer”, começou por comentar Rúben Amorim na zona de entrevistas rápidas da SportTV.

“Se entrava novamente com esta equipa? Sempre que não há um resultado que seja a vitória, é fácil dizer o que se fazia. Sabíamos que o médio centro iria marcar o Geny [Catamo] e queríamos um jogador rápido para o empurrar para a linha defensiva. Acabou por ser a bola que ganha perto da posição dele que dá golo… O Viktor também esteve muitas vezes no 1×1 mas escorregou várias vezes e não conseguiu ligar. Esses pormenores ditam o desenrolar do jogo. Com a entrada do Dani [Bragança] complicámos a vida à equipa do PSV, ele entrou muito bem e apareceu muitas vezes com a bola descoberta na frente. Acho que fomos melhorando e acabámos por marcar e conseguir o empate”, acrescentou depois o técnico verde e branco.

“Porquê tantas escorregadelas? Não sei… Não estou a dizer que isso foi determinante mas em certos lances, se não escorregássemos, podíamos ter atacado e defendido melhor. É um ponto a rever”, apontou ainda Amorim, colocando Diomande de fora para o encontro com o Casa Pia antes de ser reavaliado, sendo que o marfinense deixou o PSV Stadion de muletas depois da entorse no tornozelo esquerdo na primeira parte que levou à entrada em campo de Eduardo Quaresma, que fez a sua estreia na Champions.

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“É verdade que escorregámos mais que o adversário, temos de ter atenção. Preferimos treinar em Lisboa, parece mais importante um treino tático que haver uma adaptação ao campo, mas há o aquecimento para isso, para se conhecer bem o piso e escolher as botas. Temos de ser melhores nessa abordagem. Estamos numa fase de jogador profissional que os jogadores têm de saber e são homens, não tem de ser o treinador a dizer para usar pitons de alumínio como antigamente”, disse depois na conferência.