O degelo nos Alpes está a obrigar a Suíça e a Itália a redesenhar as suas fronteiras terrestres na zona do Matterhorn, uma das montanhas mais altas e mais célebres do continente europeu.

De acordo com a BBC, uma parte da fronteira entre a Suíça e a Itália na cordilheira dos Alpes é definida pelas linhas de cume dos glaciares, mas o degelo provocado pelo aquecimento global está a levar a uma rápida diminuição do volume dos glaciares e a provocar a deslocação destas linhas naturais.

Os dados mais recentes, divulgados em setembro pela organização GLAMOS (Rede para a Monitorização dos Glaciares Suíços) e citados pela BBC, revelam que em 2023 os glaciares suíços perderam 4% do seu volume. Trata-se da segunda maior perda de volume de glaciares já registada na Suíça — apenas atrás do ano 2022, em que 6% do volume dos glaciares derreteu.

A diminuição do volume dos glaciares suíços poderá continuar a agravar-se, caso continuem a registar-se elevadas temperaturas durante o verão e continue a redução da quantidade de neve que tem caído na região.

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Como consequência destas transformações naturais, os governos de Itália e da Suíça negociaram uma retificação oficial das suas fronteiras que respeite a nova configuração dos glaciares, mas que também tenha em conta os interesses económicos dos dois países — já que na região em causa abundam as estâncias de esqui procuradas por milhões de turistas.

A redefinição das fronteiras torna também mais clara a distribuição territorial entre os dois países e a responsabilidade de cada um na região.

O acordo foi ratificado pela Suíça na última sexta-feira e está neste momento em fase de aprovação por parte do governo italiano.

A zona que será afetada pelas mudanças situa-se junto ao Matterhorn e inclui áreas célebres como Plateau Rosa e Gobba di Rollin. Quando ambos os países tiverem ratificado o acordo, o novo mapa das fronteiras será publicado.