Três drones iranianos Shahed foram vistos a entrar no espaço aéreo da Bielorrúsia, esta quinta-feira, na sequência de um ataque russo no norte da Ucrânia. Ao mesmo tempo, a cerca de 300km de onde foram inicialmente detetados, o Presidente bielorrusso, Aleksandr Lukashenko, levantava voo num helicóptero a partir da sua residência, nos subúrbios de Minsk.

A presença dos drones suicidas foi confirmada por um grupo de analistas militares bielorrussos que faz a monitorização do conflito no Telegram, Belaruski Hajun, que apontaram a entrada dos Shahed na Bielorrússia para perto das 13h locais (11h em Portugal). Estes veículos aéreos de combate não tripulados, produzidos no Irão e fornecidos em larga escala às forças de combate da Rússia, terão seguido da região ucraniana de Chernihiv, para o sul bielorrusso. De acordo com o grupo, dois dos drones sobrevoaram várias cidades no caminho até Gomel, perto de 300km da residência do chefe de Estado da Bielorrússia.

Ao mesmo tempo, um helicóptero descolava de Ozerny, onde se localiza uma das residências oficiais de Lukashenko e, segundo uma análise preliminar baseada no seu calendário, tudo aponta para que se dirigisse para sul, para Mikashevichy. Apesar de serem ainda 200km entre a suposta orientação que os drones seguiam e o destino do Presidente, e nenhuma fonte apontar para qualquer risco de segurança, os Shahed acabaram por não ser abatidos pela força aérea bielorrussa e o seu paradeiro após esta deteção não é conhecido.

[Já saiu o primeiro episódio de “A Grande Provocadora”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de Vera Lagoa, a mulher que afrontou Salazar, desafiou os militares de Abril e ridicularizou os que se achavam donos do país. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube]

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Lukashenko soube, mas não ficou preocupado

Lukashenko revelou, na manhã desta sexta-feira, que não ficou preocupado com a entrada dos drones em espaço bielorrusso. “Isso não é um problema meu, é um problema dos Serviços Secretos”, referiu o chefe de Estado bielorrusso, citado pela agência estatal BELTA. Acrescentou ainda a informação de que, em conjunto com os pilotos, decidiu adiar a viagem durante uma hora devido a condições meteorológicas e não pelo risco de segurança.

“Soube que estavam a voar a uma altitude muito baixa, provavelmente para ter a certeza que não eram detetados eletronicamente pela Ucrânia”, afirma Lukashenko, descartando a possibilidade de os drones terem sido desviados pelas forças ucranianas. Até porque, “um ataque ao helicóptero do Presidente, é uma guerra de que os ucranianos não precisam”.

Durante a madrugada de quinta-feira, outro drone foi confirmado em direção às cidades de Mazyr e Naroulia, no sul do país, a cerca de 50km da fronteira ucraniana. Exatamente 12 minutos após ter sido detetado no espaço aéreo bielorrusso, o grupo de monitorização revela que os residentes da cidade de Kalinkavichy, a 270km da capital, ouviram uma explosão e, de acordo com os cálculos feitos, terá sido o drone controlado pela Rússia.

Os drones Shahed atingem uma velocidade média de 200km/h, o que significa que este terá percorrido cerca de 40km desde que foi detetado na cidade de Naroulia, até à explosão em Kalinkavichy e, considerando a trajetória que seguia, tudo aponta para que tenha sido o drone russo a explodir na Bielorrússia.

Não é a primeira vez que estes meios de combate entram em espaço aéreo bielorrusso. No dia 5 de setembro, a força aérea da Bielorrússia abateu dois drones perto da cidade de Gomel, precisamente onde foram localizados agora. Apesar do exército bielorrusso ter apenas confirmado que intercetaram dois drones que violavam o seu espaço aéreo, não os descreveram como sendo russos, porém, sendo do tipo Shahed, o grupo de monitorização avança com esta possibilidade.