Mais de 80% dos portugueses apoia a proibição do uso de telemóveis na sala de aula para alunos do 1.º e 2.º ciclos. As gerações mais velhas são as que expressam um maior apoio a esta inibição, em contraste com uma maior flexibilidade das gerações mais novas na utilização dos dispositivos tecnológicos em ambiente escolar.
Metade dos inquiridos pela Netsonda, empresa de estudos de mercado, “concorda totalmente” com a implementação desta medida nas escolas até ao final do 2.º ciclo. O estudo, realizado junto de uma amostra de “440 inquiridos representativos da população portuguesa entre os 18 e os 64 anos, mostra que os inquiridos mais velhos, como os Baby Boomers (56%) e a Geração X (58%) são totalmente a favor desta proibição”. Já entre aqueles que estão na faixa etária dos Millennials — os que nasceram entre 1980 e 1996 — e da Geração Z — os que nasceram entre 1997 e 2012 — menos de metade consideram que a proibição deveria avançar. No primeiro caso apenas 47% e no segundo só 33% concordam com esta restrição.
Governo recomenda proibição do uso e entrada de telemóveis em escolas do 1.º e 2.º ciclos
Outra conclusão do estudo é a de que o grau de apoio à proibição do uso telemóveis é “idêntico entre pais de filhos em idade escolar — do 1º ao 12º anos — e o resto da população”. Em ambos os casos, a percentagem de inquiridos que concorda ou concorda totalmente com a proibição ronda os 80%.
Maioria acredita que uso do telemóvel na sala de aula contribui para a distração dos alunos
Quase todos os visados pelo estudo — 95% — acredita que o uso de telemóveis contribui para a distração dos alunos em ambiente de sala de aula. O resultado sublinha uma preocupação crescente sobre o impacto negativo dos dispositivos no ambiente educativo.
A Geração Z, caracterizada por já ter crescido rodeada destes dispositivos, tem uma perceção bem mais moderada. Enquanto 70% da população geral considera que o uso dos telemóveis contribui muito para a distração na sala de aula, apenas 54% da Geração Z partilha esta opinião mais extremada, conclui-se no estudo.
Já em relação à preocupação dos pais com o desempenho académico, entre os pais com filhos em idade escolar (do 1º ao 12º ano), 81% expressam “preocupação com o impacto dos telemóveis no desempenho académico dos seus filhos”, segundo a Netsonda. A maioria dos pais (85%) impõe regras para limitar o uso de telemóveis. No entanto, e apesar da preocupação com o impacto que estes dispositivos podem ter, apenas 15% dos pais com filhos em idade escolar afirmam estabelecer regras ou limites muito rigorosos para o uso de telemóveis.
Em setembro, o Governo recomendou a proibição do uso e da entrada de telemóveis nas escolas para o 1.º e 2.º ciclos. Justificou a recomendação com o aumento do número de escolas em vários países europeus que regulam, restringem ou impedem o uso de smartphones, seja por iniciativa das escolas ou por orientação governamental. Exemplo disso é o projeto-piloto em França que proíbe smartphones em todo o ensino básico em 199 escolas.