O presidente da Unidade Local de Saúde de Santa Maria afirmou esta sexta-feira que os atrasos para a abertura em pleno da nova maternidade se devem a questões de recrutamento e negociações em curso, prevendo que isso aconteça em novembro.

“Tenho de reconhecer que estamos com um mês de atraso” em relação à data em que estava previsto a maternidade estar “a funcionar a 100%”, disse Carlos Martins à agência Lusa, que pediu no início do mês um ponto de situação à instituição sobre a abertura da Maternidade Luís Mendes da Graça.

Este balanço é feito no dia em que o semanário Expresso noticia que “a maior maternidade do país só tem em funcionamento seis dos 12 quartos de parto”, sublinhando que “faltam médicos, faltam enfermeiros e faltam ainda obras que deviam ter terminado, mas ainda nem sequer estão adjudicadas”.

Carlos Martins explicou à Lusa que os atrasos se prendem com “questões de recrutamento e fecho de negociações na carreira médica e recrutamento na carreira de enfermagem”, uma vez que, a nível estrutural, a obra da maternidade e da urgência está concluída.

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Não estamos tranquilos, não estamos satisfeitos, mas estamos a trabalhar numa situação que não é fácil para ninguém. Se fosse fácil, não havia fecho de urgências por falta de médicos”, declarou.

Disse, contudo, que as perspetivas são animadoras porque há médicos interessados em trabalhar na maternidade, mas que têm de se desvincular de onde estão.

“Há situações que não dependem de nós, como é por demais evidente, dependem da vida das pessoas que querem vir trabalhar connosco e dependem dos procedimentos, conforme a lei determina”, mas a instituição está “a fazer esforços” para que a maternidade esteja em pleno funcionamento “no início de novembro”.

Segundo Carlos Martins, a instituição já contratou quatro especialistas, ainda aquém do objetivo de contratar 10 no total.

“Temos alguma garantia de que ao longo deste mês e de novembro iremos ter o ‘gap’ que nos falta, que são mais seis novos médicos”, disse, adiantando que o objetivo é chegar ao total de 50 médicos, entre especialistas e internos, que tem sido a média do pessoal médico no Departamento de Ginecologia e Obstetrícia.

Avançou ainda que, no início do próximo ano, irão tentar contratar “mais quatro ou cinco médicos”.

Admitiu, porém, que contratar nesta área não é fácil, porque o mercado tem “muita oferta”. Além disso, a instituição optou por convidar médicos fora do Serviço Nacional de Saúde e “num ou noutro caso” especialistas que estão a trabalhar no estrangeiro e querem regressar a Portugal.

Mas observou que, mesmo com “entradas e saídas” de médicos, a ULS tem neste momento o mesmo número de especialistas nesta área que tinha em 2023 (44).

Relativamente à contratação de enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica, o administrador reconheceu que os procedimentos “demoraram algum tempo”, mas avançou que, das 25 vagas a concurso, 20 foram preenchidas (80%).

“O número de enfermeiros especialistas que tínhamos no início do ano era sensivelmente 13 e passou para 23, um crescimento de 105%”, salientou.

Está ainda a ser ultimado um novo concurso para a contratação de mais 25: “Esperamos que o mercado reaja bem nos próximos dois, três meses e cheguemos ao fim do ano com mais especialistas de enfermagem nesta área”.

Além disso, houve “três enfermeiros generalistas que tiveram promoção na carreira”, passando a especialistas.

A instituição também reforçou o número de técnicos auxiliares de saúde e assistentes administrativos para as escalas, sobretudo no bloco onde está o serviço de urgência.

Em termos de outras obras que estavam previstas na primeira fase, Carlos Martins adiantou que a instituição tem um procedimento concursal para ampliação da unidade de Puerpério.

“Em termos de planeamento de obras de primeira fase, concluímos o que havia a concluir e está a funcionar. Em termos de segunda fase, os procedimentos estão a correr e o planeamento em termos de investimento está a ser cumprido”, assegurou.

A maternidade está a realizar desde o início de setembro partos por indução, partos vaginais e cesarianas, de acordo com a capacidade instalada que existe, ou seja, os dois blocos operatórios, os quartos e as boxes que estão operacionais.