O antigo ministro das Finanças, Fernando Medina, é da opinião que o PS deve viabilizar o Orçamento do Estado apresentado pelo Governo da AD, mas apenas porque considera importante evitar uma crise política. Na verdade, o socialista considera a proposta do Executivo desadequada, apelidando-a, em entrevista à Rádio Renascença, de “orçamento de campanha”. E alerta que a probabilidade de em 2025 termos um défice é “significativa”.

O ministro do Governo de António Costa e autor do último Orçamento do Estado (que está ainda em vigor) considera que este “orçamento de campanha” apresentado na última semana “foi construído com o objetivo de preparar este momento e o risco de haver eleições antecipadas”.

Medina alerta que a “probabilidade de termos um défice em 2025 é significativa”, ao invés do excedente de 0,3% que o Governo prevê. Tudo porque se trata de um documento despesista, de um Governo que distribui dinheiro sem “visão, estratégia, rasgo ou criatividade”.

Governo põe todas as fichas no crescimento económico para, mesmo com mais despesa, manter saldos positivos

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O ministro que acedeu a Miranda Sarmento criticou ainda a medida do IRS Jovem (defendendo que melhorou após o contributo dos socialistas) e argumentou que o caminho devia ser outro: antes de se aumentar a isenção fiscal, o Executivo de Luís Montenegro devia avaliar primeiro se a medida estava a provocar efeito na retenção de jovens no país, uma vez que vigora há dois anos.

Quanto ao segundo tema mais “sensível” desde Orçamento do Estado, a redução do IRC, o socialista mantém-se também em linha com o partido, criticando aquela que diz ser uma medida “preguiçosa, simbólica e sem eficácia”.

Governo rejeita proposta do PS para o IRC

Já no que toca à área da habitação, o antigo ministro criticou o facto de nenhuma das medidas entretanto apresentadas (e que constam no Orçamento do Estado) estejam a dar frutos.

Ainda assim, mesmo perante todos os aspetos negativos do documento apresentado pelo Governo, Fernando Medina mantém a opinião de que, mesmo não sendo a favor do Orçamento, deve ser viabilizado pelo PS através da abstenção. Tudo isto em defesa da estabilidade política, de forma a evitar uma nova crise.