A Stellantis, o 4.º maior grupo automóvel mundial, atravessa um período difícil, um pouco à semelhança do que acontece com a generalidade dos construtores tradicionais. Mas a este grupo que mistura interesses de investidores franceses, italianos e norte-americanos, a crise já custou o emprego a uma série de quadros superiores da empresa e até a cabeça do CEO Carlos Tavares, o gestor português que fez milagres com a PSA e depois conseguiu gerir o casamento com a FCA para arrancar com a Stellantis. A crise e a necessidade de electrificar os actuais veículos expuseram as dificuldades de algumas das 14 marcas do grupo, sobretudo as americanas e, apesar de estar de saída em 2026, Tavares continua com o apoio das famílias Agnelli (FCA, os maiores accionistas da Stellantis) e da Peugeot (PSA) e promete continuar a estratégia que o colocou em maus lençóis, ou seja, encerrar ou vender as marcas que não sejam lucrativas.

A jogar em casa no Salão de Paris, Tavares afastou o compromisso de 2021, em que o grupo garantiu que as 14 marcas tinham o futuro assegurado durante 10 anos. Segundo avançou à Automotive News, a estratégia do “ou dão lucro ou desaparecem” foi antecipada de 2031 para 2026. Isto significa que, quase em simultâneo com a saída do português aos comandos da Stellantis, todas marcas vão ter que se tornar lucrativas, de um lado e do outro do Atlântico.

O chairman da Stellantis e neto de Giovanni Agnelli, John Elkann, confirmou à AFP que a empresa a que preside não tem qualquer interesse em fusões ou aquisições, afirmando que não estão prontos para consolidar, mas tão pouco estamos prontos para “desconsolidar”, pois não é este o período ideal. Garantiu ainda que “estão focados no negócio” e que “todas as alterações ao nível da liderança foram determinadas por Tavares e com o apoio dos accionistas”.

Embora a mudança de CEO coincida praticamente com o potencial fim de algumas das marcas do grupo, a estratégia da Stellantis parece passar por ser o substituto de Tavares o responsável por estas difíceis decisões. Encerrar marcas e fábricas em Itália e França será sempre problemático, mas ainda mais delicado será realizar estas operações nos EUA.

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