A Índia acusou esta quinta-feira o primeiro-ministro canadiano de imprudência ao dizer que Nova Deli violou a soberania canadiana com o assassínio em Vancouver, em 2023, de um líder separatista sikh, atribuído por Otava aos serviços secretos indianos.
“A responsabilidade pelos danos que este comportamento imprudente causou nas relações entre a Índia e o Canadá é exclusivamente do primeiro-ministro, [Justin] Trudeau”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano Randhir Jaiswal.
O chefe do governo canadiano afirmou na quarta-feira, numa audição parlamentar, que existem “indícios claros” de que a Índia desrespeitou a soberania do Canadá ao promover o homicídio de um líder separatista.
A polícia federal canadiana, a Real Polícia Montada do Canadá, anunciou na segunda-feira que dispunha de provas do “envolvimento de agentes do Governo da Índia em atividades criminosas graves no Canadá”, em particular o homicídio do cidadão canadiano Hardeep Singh Nijjar, que fazia campanha pela criação de um Estado sikh independente no norte da Índia.
Jaiswal criticou Otava por não ter apresentado à Índia provas que sustentem as “graves alegações que [o governo de Trudeau] decidiu fazer contra a Índia e os diplomatas indianos”.
No Canadá, vivem cerca de 770.000 sikhs, a maior comunidade fora da Índia desta minoria que reclama a criação de um Estado independente na Índia.
Nova Deli acusou Otava de abrigar extremistas sikhs e de permitir actividades contra a Índia em território canadiano, incluindo manifestações de protesto e a realização de um referendo de secessão.
Por seu lado, o Canadá criticou a repressão das minorias religiosas na Índia e defendeu o direito dos sikhs canadianos à liberdade de expressão.
Num caso semelhante nos EUA, funcionários norte-americanos reuniram-se na quarta-feira com representantes do governo indiano para investigar o caso de outro líder separatista sikh, Gurpatwant Singh Pannun, que terá sido alvo de uma tentativa de homicídio em 2023, alegadamente encomendada por um responsável indiano.
As autoridades indianas em Washington confirmaram que o funcionário acusado pelos procuradores norte-americanos de ter planeado a conspiração já não faz parte do Governo indiano, de acordo com o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA.