Pedro Santos Frazão, deputado e vice-presidente do Chega, renunciou ao cargo de vereador na Câmara Municipal de Santarém, e não está disponível para voltar a ser candidato àquele município nas eleições autárquicas de 2025.

Numa carta assinada por Pedro Santos Frazão, a que o Observador teve acesso, o deputado revela que tomou a decisão em “absoluta sintonia” com a direção, de que faz parte, e com André Ventura. “É por questões do superior interesse de Portugal e a bem da nação, tal como para não deixar em segundo plano aqueles milhares de cidadãos que confiaram o seu voto em mim e no partido Chega, que vos comunico a minha renúncia ao mandato de vereador na Câmara Municipal de Santarém”, pode ler-se na missiva.

Questionado pelo Observador sobre se estará disponível para voltar a ser candidato nas próximas autárquicas, Pedro Santos Frazão foi perentório: “Não estou disponível para ser candidato no município de Santarém.” Ainda assim, o deputado confirma que está disponível para ser candidato noutro município.

O até aqui vereador do Chega em Santarém recorda que foi uma “grande honra e privilégio” ter sido vereador naquela autarquia, sublinha ter sido “a única voz da oposição a um acordo de governo camarário entre o PSD e o PS” e lamenta “se, por algum momento, não estive à altura do exigido pelos eleitores”. “Quero que saibam que dediquei sempre todo o meu ser e toda a minha alma neste bom combate. Parto, assim, com a consciência tranquila e com um santo orgulho por tudo o consegui entregar nesta missão”, acrescenta, prometendo ser sempre um “embaixador da capital nacional da agricultura”.

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Com esta renúncia ao cargo por parte de Pedro Santos Frazão, Manuela Estevão, ex-presidente da distrital e atual presidente da concelhia de Santarém, assumirá o cargo de vereadora caso o número dois, Nuno Vinhais, renuncie oficialmente, confirmou o presidente da distrital, José Dotti, ao Observador. A própria militante já tinha revelado essa intenção ao jornal Mais Ribatejo: “Se Pedro Frazão renunciar ao mandato, eu assumo o cargo de vereadora.”

Recorde-se que, tal como o Observador escreveu a propósito das eleições legislativas, Santarém é um dos locais do país em que as lutas internas se mantêm — e a relação entre Frazão e a distrital estava longe de ser perfeita. Há muito que a distrital e o deputado estão incompatibilizados e o facto de Ventura ter escolhido o vice-presidente do partido para ser novamente o cabeça de lista às legislativas contribuiu para o agravar da situação. Já nessa altura, fonte das estrutura local defendia que Frazão não é nem seria a escolha para o lugar número um, já que a “relação entre deputado e estruturas não tem funcionado”, havendo até acusações de que “o trabalho no campo não tem existido”.

A somar a isso, na passagem da caravana do Chega por Santarém durante a campanha para as legislativas, o ambiente foi visivelmente hostil para Pedro Santos Frazão, que não foi referido durante o discurso do presidente da distrital, José Dotti, durante o almoço com militantes no qual André Ventura esteve presente, e não arrancou aplausos por parte de vários membros da estrutura local quando discursou.