A exibição de um documentário dedicado ao movimento de extrema-direita no Reino Unido e na Europa foi cancelada este fim de semana no Festival de Cinema de Londres, devido a receios com a “segurança” do pessoal do evento.
O documentário, intitulado de “Undercover: Exposing The Far Right”, foi produzido pela britânica Havana Marking com a colaboração da organização anti-racismo Hope Not Hate e investigou os métodos e o financiamento de vários movimentos e personalidades de extrema-direita na Europa.
“Depois de explorar todas as opções possíveis para exibir este filme num festival público, tomamos a dolorosa decisão de não apresentar ‘Undercover: Exposing the Far Right'”, disse a diretora do festival, Kristy Matheson, em comunicado. Apesar de reconhecer a qualidade “excepcional” do filme, Matheson considerou que “os funcionários do festival têm o direito de se sentirem seguros e de terem a sua saúde mental e bem-estar respeitadas no seu local de trabalho”.
A realizadora disse estar “furiosa” com a desprogramação do documentário, ainda que tenha dito “compreender” a vontade do festival de “cuidar dos seus funcionários”, numa reação ao jornal The Guardian. Havana Marking acredita que os motins anti-imigração de extrema direita que eclodiram neste verão no Reino Unido “assustaram as pessoas”, salientando que “é cada vez mais difícil fazer documentários com conteúdo político e, se não lhes garantirmos uma exibição, isso realmente não ajuda”.
O Festival de Cinema de Londres teve início no passado dia 09 na capital britânica com nomes portugueses no programa, entre os quais os filmes “On Falling”, de Laura Carreira, e “Hanami”, de Denise Fernandes, selecionados para a competição de estreias na realização de longas-metragens.
Do programa da 68.ª edição do Festival de Cinema de Londres também constam “Grand Tour”, de Miguel Gomes, “Fogo do Vento”, de Marta Mateus, que sucede à curta-metragem “Farpões Baldios” (2017).
A estes juntam-se ainda “As noites ainda cheiram a pólvora”, do realizador moçambicano Inadelso Cossa, que se estreou no Festival de Berlim em fevereiro e reflete sobre a memória da guerra civil no país, e a curta-metragem “Nossa Senhora Que Queima”, da artista visual e cineasta Alice dos Reis, filmado na Serra da Gardunha, na Beira Baixa.