Está encontrado o modelo para a evocação do 25 de Novembro na Assembleia da República mas o formato não agrada aos partidos da esquerda. O PS queria evitar um modelo semelhante ao do 25 de Abril mas a cerimónia vai ser praticamente idêntica, registando apenas ligeiras alterações. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai ser convidado a discursar.
O formato ficou fechado na Conferência de Líderes desta terça-feira, depois de um grupo de trabalho ter tentado chegar a um consenso. A sessão solene evocativa vai contar com discursos do Presidente da República — que encerra a sessão se aceitar o convite –, do presidente da Assembleia da República e dos vários partidos, sendo que a única coisa que muda é o tempo destinado a cada intervenção que passa de 6m para 5m30 para cada partido.
A cerimónia terá ligeiras alterações, sobretudo na decoração da sala, em que os cravos vermelhos são substituídos por outra decoração floral e não serão colocados pendões ou colgaduras. A sessão evocativa terá honras militares e será entoado o Hino Nacional, no inicio e no fim da cerimónia,
O porta voz da Conferência de Líderes, o deputado Jorge Paulo Oliveira recusa que esta sessão seja “uma mimetização” do 25 de Abril e fala em “conjugação de pontos comuns” de sessões solenes que ocorreram nos últimos anos no Parlamento. Este ano a sessão vai decorrer durante a discussão do Orçamento do Estado na fase de especialidade.
Partidos sugerem convidados: da família de Mário Soares ao Regimento de Comandos da Amadora
Os partidos políticos vão sugerir a Aguiar Branco uma lista de convidados para a cerimónia, com o PS a defender o convite à família de Mário Soares, o PSD à família do General Pires Veloso, conhecido como o ‘”vice rei do Norte” e o CDS ao Regimento de Comandos da Amadora, que protagonizaram o movimento militar capitaneado por Jaime Neves.
Outro nome relevante do 25 de Novembro, Ramalho Eanes, será convidado na qualidade de ex-Presidente da República. O CDS quer também enviar convites a outros militares ligados à data como o General Rocha Vieira, Garcia dos Santos ou Tomé Pinto. Na lista de sugestões estão ainda as associações académicas de todo o país.
A lista de convites vai ser finalizada pelo presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar Branco, depois de receber as sugestões das várias forças políticas. Está ainda em aberto, por exemplo, a extensão dos convites ao corpo diplomático acreditado em Portugal, tal como acontece no 25 de Abril.
CDS, IL e Chega destacam realização da cerimónia
A Iniciativa Liberal foi o primeiro partido a dar conta da aprovação do modelo da cerimónia, saindo da Conferência de Líderes a meio para falar aos jornalistas. A líder parlamentar Mariana Leitão deu conta de que “a Iniciativa Liberal fica muitíssimo satisfeita com a decisão do parlamento de assinalar o 25 de Novembro de 1975 com uma sessão solene muitíssimo semelhante à que se faz no 25 de Abril de 1974”.
Já o CDS, que foi o autor da proposta para a realização da sessão solene, desvaloriza a antecipação dos liberais, reclama vitória e diz que os centristas estão “muito contentes com o modelo encontrado para a celebração porque prestigia a data, que é um marco muito importante para a consolidação da democracia pluralista em Portugal”, referindo o “consenso maioritário” que existiu na Conferência de Líderes parlamentares, registando “a resistência dos partidos de esquerda”.
O Chega lamenta que as iniciativas sobre o 25 de Novembro não tenham ido mais longe, lamentando a rejeição da proposta para um feriado nacional, acrescentando que “essa limitação tira força à evocação” deste dia na Assembleia da República.