“Cerca das 20h00 vários agentes, deviam ser uns 15, concentraram-se à entrada do prédio com equipamento de intervenção. Três deles arrombaram a porta fora da hora legal, sem mandado. Havia oito mulheres na casa, bateram em duas pessoas, uma rapariga de 19 anos e uma amiga da família. É um comportamento inaceitável e ilegal”. O relato é de Catarina Morais, do Movimento Vida Justa, advogada que representa a família de Odair Moniz, o homem de 43 anos que morreu esta segunda-feira baleado pela PSP no bairro do Zambujal, na Amadora, depois de uma fuga às autoridades.
A família vai agora apresentar queixa-crime pelo que aconteceu na noite desta terça-feira onde a tensão no bairro aumentou, depois de uma vigília pela morte de Odair.
O relato da advogada diz que a polícia entrou na casa da viúva, por duas vezes. Da primeira vez, às 20h00, terão arrombado a porta, agredido as duas pessoas, uma delas com 19 anos, e partido até alguns móveis. Depois, voltaram às 21h, mas como já estava presente a advogada, não entraram na casa.
Em declarações à imprensa, Manuel Gonçalves, superintendente da PSP, disse não ter informações sobre a entrada com violência na residência da vítima mortal. “Não tenho elementos que permitam confirmar”, declara. “Se está arrombada não quer dizer que tenha sido a polícia. Vamos para situação de investigação a posteriori.”
Após insistência da imprensa, relatou não ter “indicação de que tenham entrado equipas policiais dentro da residência de familiares da vítima de ontem”. Questionado sobre se esse é um procedimento regular, admite que “em bom rigor não, é uma competência que pertence à PJ”, a quem o caso foi posteriormente entregue. “A ter acontecido, não confirmo nem desminto. Neste momento, terá de ter sustentabilidade legal.”
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Esta tarde, depois de uma vigília por Odair Moniz, a tensão aumentou no bairro do Zambujal. Primeiro ouviram-se alguns gritos por “justiça”, depois seguiram-se tiros e a seguir um autocarro, furtado junto a Alfragide, foi incendiado no bairro e acabou com várias explosões. O corpo de segurança especial da PSP foi para o local, formou um cordão de segurança e isolou o bairro, pedindo às pessoas para não saírem de casa. Mais tarde, soube-se pela polícia que um outro autocarro tinha ardido em Carnaxide, e que as autoridades relacionavam os casos.
A PJ está a investigar toda a situação.
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