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Quatro pessoas ficaram feridas, incluindo dois polícias, na sequência dos distúrbios registados durante a última noite na região de Lisboa, anunciou esta quarta-feira a PSP, que registou ainda 60 ocorrências em oito concelhos.

A PSP confirmou três detenções pela alegada prática dos crimes de dano qualificado e ofensa à integridade física qualificada, nos incidentes que afetaram os bairros do Zambujal (Alfragide, Amadora), Portela (Carnaxide, Oeiras), Casal de Cambra (Sintra), Cova da Moura (Amadora), além de outros desacatos nos concelhos de Lisboa, Odivelas, Loures, Cascais e Seixal.

Em comunicado, a PSP revelou que dois polícias ficaram feridos e outros dois cidadãos foram “vítimas de esfaqueamento, ainda que sem gravidade, alegadamente pelos indivíduos que roubaram e incendiaram” um autocarro no bairro do Zambujal.

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Registaram-se ainda danos em dois carros da polícia, dois autocarros da Carris, que foram roubados e incendiados, oito automóveis e uma mota igualmente incendiados e a destruição de inúmeros caixotes do lixo.

Dois autocarros e um carro incendiados, tiros e desacatos na Grande Lisboa após vigília por homem morto pela PSP

A PSP repudia e não tolerará os atos de desordem e de destruição praticados por grupos criminosos, apostados em afrontar a autoridade do Estado e em perturbar a segurança da comunidade, grupos esses que integram uma minoria e que não representam a restante população portuguesa que apenas deseja e quer viver em paz e tranquilidade”, lê-se na nota.

Sobre a alegada entrada na terça-feira de polícias na casa de Odair Moniz, o homem baleado pela PSP na noite de segunda-feira, situada no Bairro do Zambujal, a PSP garantiu que apenas entrou numa habitação, “que não a que está referida nas notícias veiculadas, em apoio aos Bombeiros Voluntários da Amadora, que se deslocaram ao local para apoio médico a uma criança e por solicitação da família”.

O jornal Público tinha adiantado na terça-feira à noite que a PSP teria arrombado a porta da casa. No entanto, a PSP “nega categoricamente o arrombamento de quaisquer portas”.

Relativamente a imagens que circulam nas redes sociais de uma equipa da PSP no átrio de um prédio no Bairro do Zambujal, a direção nacional clarificou que os polícias estavam “a dialogar com os cidadãos ali presentes, no sentido de serenar e manter a tranquilidade pública”.

A PSP salientou igualmente que “está empenhada em repor a ordem, paz e tranquilidade pública” nos bairros da área metropolitana de Lisboa que foram afetados pelos desacatos e apelou a que todos os cidadãos “mantenham a calma, a tranquilidade e a confiança” na polícia.

Os desacatos têm sucedido desde segunda-feira após a morte de um homem baleado pela PSP. Odair Moniz, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

“Dizem que não vão parar até matarem um polícia.” A segunda noite de violência nas ruas do Bairro do Zambujal

Segundo a direção nacional da PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial na Avenida da República, na Amadora, e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria a isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.

A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente e também a PSP anunciou um inquérito interno, enquanto o agente que baleou o homem foi constituído arguido.