15h30 de uma quarta-feira não é propriamente o horário ideal para um jogo da Liga Europa. Calhou ao Sp. Braga, porém, receber o Bodø/Glimt a meio da tarde de um dia de uma semana de trabalho — correndo o risco de ter bancadas despidas e um apoio manifestamente inferior ao habitual na Pedreira. Mas Carlos Carvalhal, na antevisão, fez o que pôde para atrair público.

“Não vou pedir ninguém para falar ao trabalho. Peço, sim, aos patrões que libertem os funcionários para virem ver o jogo. Alguns podem fazer isso e depois fazem-se compensações. A hora não é a melhor, um dia de trabalho e à tarde. Mas quem vier, de certeza absoluta, vem para apoiar a equipa”, disse o treinador minhoto na antevisão, com as redes sociais do clube a seguirem a mesma linha de pensamento com um vídeo irónico onde os jogadores inventavam “desculpas” que os adeptos poderiam dar no trabalho para conseguirem assistir ao jogo.

Ora, era neste contexto que o Sp. Braga entrava na terceira jornada da Liga Europa. Depois de vencer o Maccabi Telavive em casa e perder com o Olympiacos na Grécia, a equipa de Carlos Carvalhal recebia o mesmo Bodø/Glimt que surpreendeu o FC Porto na Noruega — e o treinador português tinha plena noção de que, mesmo a jogar na Pedreira, os perigos que os nórdicos traziam na bagagem poderiam causar muitos dissabores. Para os evitar, procurava as analogias que o deixaram famoso durante a passagem em Inglaterra.

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“Quando estava em Inglaterra, uma vez tive uma expressão que ficou célebre depois de um Swansea-Liverpool onde acabámos por vencer o Liverpool. Disse que um Ferrari às seis da tarde em Londres, no meio do trânsito, anda o mesmo que um Fiat Punto. E esta também é uma equipa que obriga a esses constrangimentos. Não podemos deixar abrir uma auto-estrada, porque se a abrirmos esta equipa é um Ferrari. Pode correr mal”, explicou Carlos Carvalhal.

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O treinador minhoto já contava com Rodrigo Zalazar e João Moutinho, que voltavam ao onze inicial depois de terem realizado os primeiros minutos após lesão no jogo da Taça de Portugal contra o 1.º Dezembro, e lançava Roger, Ricardo Horta e Bruma no apoio mais direto a Roberto Fernández. Do outro lado, notava-se a ausência de Kasper Høgh, que abriu o marcador contra o FC Porto e está lesionado, mas destacava-se a presença de Jens Petter Hauge, referência ofensiva dos noruegueses que marcou dois golos aos dragões.

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Numa primeira parte que terminou sem golos, o primeiro remate pertenceu a Patrick Berg (4′), com Roger a responder pouco depois com um pontapé que obrigou Nikita Haikin a uma defesa apertada (7′). O Sp. Braga ameaçava principalmente através da qualidade de Roger, que ia procurando a baliza ou cruzamentos que encontrassem a cabeça de Roberto Fernández, enquanto que o Bodø/Glimt apostava mais na profundidade e na exploração do espaço nas costas da defesa minhota. Zinckernagel ficou perto do golo com um livre que acertou na trave (36′), Bruma atirou ao lado após deixar um adversário para trás (42′) e o jogo foi mesmo empatado a zeros para o intervalo.

Nenhum dos treinadores fez alterações no arranque da segunda parte e o Sp. Braga construiu os dois primeiros lances de perigo, com Zalazar a obrigar Haikin a uma defesa a dois tempos (47′) e Ricardo Horta a atirar ao lado na área (52′). A resposta do Bodø/Glimt, porém, foi implacável: Bjorkan conduziu em velocidade na esquerda, em transição rápida, deixou em Evjen na área e o norueguês atirou cruzado e rasteiro para bater Matheus e abrir o marcador (53′).

Roger quase empatou logo depois com um remate em jeito que Haikin defendeu (60′) e Carlos Carvalhal reagiu com uma tripla substituição, lançando Vitor Carvalho, André Horta e Yuri Ribeiro de uma vez para tirar João Moutinho, Zalazar e Adrián Marín. O golo do empate apareceu pouco depois: remate forte de Bruma na esquerda, defesa para a frente do guarda-redes e Niakaté, que ainda estava na área na sequência de um canto, só precisou de encostar na recarga para a baliza deserta (64′).

A montanha-russa de emoções, contudo, continuou logo a seguir. Três minutos depois de marcar o golo do empate, Niakaté viu o segundo cartão amarelo e foi expulso, deixando o Sp. Braga reduzido a dez elementos com mais de 20 minutos por jogar. Kjetil Knutsen colocou Sørli e Auklend e a verdade é que os minhotos poderiam ter marcado antes de sequer de Carlos Carvalhal reagir à expulsão, com um remate de João Ferreira que Haikin defendeu (71′). Logo depois, o treinador português sacrificou Roger e lançou Paulo Oliveira para dar um novo equilíbrio à defesa da equipa, antes de ainda colocar Gharbi nos últimos minutos.

Os minhotos até poderiam ter carimbado a vitória nos descontos, com um remate de Bruma que Haikin voltou a defender (90+2′), mas o balde de água fria estava reservado para os noruegueses: no último lance do jogo, na sequência de um canto na direita, Nielsen desviou de calcanhar ao primeiro poste e bateu Matheus (90+4′). O Sp. Braga perdeu com o Bodø/Glimt na Pedreira, somando agora três pontos em três jornadas da Liga Europa, e na próxima jornada visita o Elfsborg na Suécia.