Siga aqui o nosso artigo em direto sobre a violência nos bairros periféricos de Lisboa

O movimento Vida Justa anunciou esta quinta-feira a realização de uma manifestação no Marquês de Pombal, em Lisboa, para reclamar justiça pela morte de Odair Moniz, o homem de 43 anos baleado pela polícia após uma perseguição policial na Amadora.

“Sem Justiça não há paz” é o lema da manifestação que terá início pelas 15h00 do próximo sábado no Marquês de Pombal, em Lisboa, organizada pelo Movimento Vida Justa, familiares e amigos de Odair Moniz, associações de moradores do bairro do Zambujal, onde residia a vítima, e de outros bairros da Área Metropolitana de Lisboa.

“É preciso fazer justiça e condenar a morte de Odair Moniz pela polícia. Infelizmente, não é caso único. Há demasiados mortos nas nossas comunidades. É preciso acabar com a violência e a impunidade policial nos bairros. É preciso que as pessoas deixem de ser tratadas como não-cidadãos que podem ser agredidos e mortos”, lê-se na nota publicada na página oficial daquele movimento na rede social ‘facebook’.

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O movimento Vida Justa afirma ainda que é necessário “acabar com as Zonas Urbanas Sensíveis (ZUS) que colocam os bairros sob intervenção militarizada“, porque “a pobreza e a etnia não podem ser criminalizadas” e “a segurança nas comunidades só pode ser alcançada pela paz social e pela garantia de justiça”.

“Os nossos bairros precisam de mais equipamentos públicos, melhor trabalho, serviços públicos em condições, transportes satisfatórios e habitação digna, não precisam de violência policial”, acrescenta o movimento Vida Justa, que apela à participação de todos na “manifestação pacífica” de sábado, no Marquês de Pombal, em Lisboa.

Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

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Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria a isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.

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A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente e também a PSP anunciou um inquérito interno, enquanto o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Desde a noite de segunda-feira registaram-se desacatos no Zambujal e, desde terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados autocarros, automóveis e caixotes do lixo. Mais de uma dezena de pessoas foram detidas, o motorista de um autocarro sofreu queimaduras graves e dois polícias receberam tratamento hospitalar, havendo ainda alguns cidadãos feridos sem gravidade.