A UGT vai reunir na segunda-feira o secretariado nacional para aprovar a sua política reivindicativa para 2025, medidas em torno dos salários, do mercado de trabalho e da habitação estão entre as matérias prioritárias.
No dia em que assinala o 46.º aniversário, a UGT vai reunir o secretariado nacional para aprovar o caderno reivindicativo para 2024/2025. “Naturalmente a questão do mercado de trabalho tem uma componente forte nesse caderno reivindicativo“, assim como a componente salarial, antecipa Mário Mourão, em declarações à agência Lusa.
“Os salários continuam a ser uma vertente fundamental para a motivação dos trabalhadores, para as empresas e para o debate negocial” e é “consensual em Portugal que temos um país de baixos salários”, acrescenta o secretário-geral da UGT, preferindo não desvendar as propostas concretas.
“Temos que inverter isso”, aponta.
A UGT, a par com as quatro confederações empresariais, assinou o acordo tripartido de “valorização salarial e crescimento económico para 2025-2028”, que reviu em alta a trajetória do salário mínimo nacional, prevendo aumentos de 50 euros anuais até 2028. Para o próximo ano, ficou definido que a retribuição mínima garantida aumente dos atuais 820 euros para 870 euros, isto é, abaixo dos 890 euros já defendidos pela UGT.
De notar que, em matéria salarial, está ainda em curso o processo negocial ente o Governo e os sindicatos da Administração Pública, tendo em visto a atualização geral dos salários. No que toca à base remuneratória da Administração Pública (BRAP), o executivo propõe que suba para 870,50 euros no próximo ano, enquanto para a atualização geral dos salários propõe um aumento de 55,26 euros (o equivalente a um nível remuneratório da Tabela Remuneratória Única) ou um mínimo de 2,1%, abaixo da inflação prevista para 2025 (2,3%).
Em declarações à Lusa, o secretário-geral da UGT pede ao Governo, que faça “um esforço” para “ir mais longe”, de modo a “valorizar os salários” e a reconhecer a “importância que a Administração Pública tem no país e nos serviços públicos”.
Na terça-feira está prevista uma nova ronda negocial sobre esta matéria e o secretário-geral da UGT admite que pode ser possível um acordo, caso o Governo melhore a proposta. “Acho que poderá haver uma negociação e um acordo com os sindicatos que estão a negociar, nomeadamente os da UGT”, assume.
Mário Mourão aponta ainda que há uma elevada carga fiscal em Portugal “nomeadamente com um vínculo forte na área do trabalho”, pelo que esta é outra das componentes “fortes” do caderno reivindicativo.
Por outro lado, a UGT quer continua a apostar na “dinamização na negociação coletiva”, de modo a responder aos “desafios” que o mercado de trabalho coloca atualmente. “Há novas realidades no mercado de trabalho, nomeadamente as plataformas digitais e é preciso também que os nossos sindicatos apostem forte no apoio dos trabalhadores das plataformas digitais”, defende.
“A crise da habitação para nós também é importante“, enumera ainda o secretário-geral da UGT, sublinhando que “as pessoas continuam a ter grandes dificuldades” para pagar “as rendas e as prestações altas” das casas, pelo que esta matéria “exige uma prioridade e atenção” máximas.
“Não vale a pena estarmos a fazermos um combate contra os baixos salários e depois termos outras vertentes que, de facto, eliminam aquilo que são as atualizações salariais”, sustenta.
Questionado sobre se o facto de terem assinado o acordo de concertação social significa que a contestação social por parte da UGT vai baixar, o secretário-geral explica que “acordo não vai impedir que se continue as lutas que se têm que fazer, quando à mesa das negociações isso [o diálogo] não funciona”, mas diz que não estão para já previstas mais manifestações, para além das já convocadas pelos sindicatos da UGT.
Em declarações à Lusa, Mário Mourão faz ainda um balanço positivo da sua liderança à frente da UGT, destacando que nestes últimos cerca de dois anos e meio foram feitos acordos importantes, nomeadamente em matéria salarial, que “não resolveram tudo, mas contribuirão para dar respostas” e para “trazer a Portugal alguma recuperação do poder de compra”.