A associação ambientalista Zero alertou esta segunda-feira para a ameaça de extinção para muitas espécies de árvores, um perigo real em 192 países do mundo, e diz haver um “enorme impasse no financiamento à biodiversidade” em Cali.

Em comunicado, a Zero destaca que o número de árvores ameaçadas é mais do dobro do número de todas as aves, mamíferos, répteis e anfíbios ameaçados juntos, um alerta a propósito da atualização, apresentada esta segunda-feira em Cali, na Colômbia, da Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Em Cali está a decorrer uma reunião da ONU sobre a biodiversidade.

A UICN incluiu na Lista, pela primeira vez, as árvores, e a primeira avaliação global indica que 38% estão em risco de extinção.

Na atualização apresentada esta segunda-feira, o estado de conservação do ouriço-cacheiro da Europa Ocidental, uma espécie comum em Portugal Continental, deteriorou-se e está agora listado como Quase Ameaçado.

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No total, a Lista Vermelha atualizada inclui agora 166.061 espécies analisadas, das quais 46.337 são consideradas ameaçadas de extinção, mais 2.321 do que as 44.016 ameaçadas de extinção em 2023. Há ainda 10.235 criticamente em perigo.

No comunicado, a Zero, que está presente em Cali, faz também um balanço da cimeira mundial que decorre na cidade colombiana desde dia 21 e até à próxima sexta-feira, a 16.ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas para a Diversidade Biológica, a chamada COP16, sob o lema “Paz com a Natureza”.

A COP16 é a primeira reunião global da ONU sobre biodiversidade após a adoção do Quadro Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal na COP15 (em dezembro de 2022, em Montreal, Canadá), que estabeleceu 23 metas globais orientadas para uma ação urgente ao longo da década até 2030, nomeadamente restaurar 30% dos ecossistemas degradados e proteger 30% do planeta.

Diz a Zero que numa semana de cimeira pouco se avançou em diferentes assuntos essenciais.

“Não houve dinheiro novo para a biodiversidade em 2024. Isto apesar do compromisso na COP15 de entregar 20 mil milhões de dólares em novos dinheiros públicos até 2025”, afirma a associação, acrescentando que as negociações estão também difíceis na área dos dados genéticos da natureza.

E lembra ainda que todos os 196 governos precisam de apresentar melhores planos para salvar a natureza, sendo que até agora só 35 o fizeram.