Filipa Roseta, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa com a tutela da Habitação e das Obras Municipais, contrariou esta segunda-feira a versão apresentada por Fernando Alexandre, ministro da Educação, para a desistência na construção de uma residência para estudantes nas antigas instalações do Ministério da Educação.

Em declarações ao Observador, no programa “Contra-Corrente”, a vereadora social-democrata sublinhou que o projeto está aprovado “no Urbanismo” da autarquia e, como tal, qualquer decisão em sentido contrário terá de ser explicada pelo Governo de Luís Montenegro. Não se alongando em explicações, Roseta remeteu para Fernando Alexandre outros esclarecimentos. “Não quero falar sobre isso. Tem de perguntar ao senhor ministro porque é que acha que não é possível”, limitou-se a dizer.

Na sexta-feira, no Parlamento, Fernando Alexandre assumiu que o Governo tinha desistido de fazer uma residência estudantil no edifício da Avenida 5 de Outubro, tendo já sido reafetadas as verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para outros projetos. Ora, contrariando aquilo que diz agora Filipa Roseta, Fernando Alexandre sugeriu que também a equipa de Carlos Moedas estava contra o projeto.

“Já desafiei a Câmara Municipal de Lisboa e a Universidade de Lisboa e todos me dizem o mesmo: não é um espaço adequado para residência”, disse Fernando Alexandre, durante o debate parlamentar sobre política sectorial do seu ministério, deixando um desabafo sobre o projeto: “Parece ter sido uma má escolha”.

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Em declarações ao Observador, esta segunda-feira, Filipa Roseta repetiu em vários momentos que a Câmara aprovou e licenciou o projeto. “Não foi a Câmara que disse que não. A Câmara já disse que o projeto foi aprovado e não é uma questão urbanística. Há-de haver outra razão qualquer, mas não é esta.”

Em 2019, o então governo de António Costa anunciou que o edifício que tinha acolhido os serviços do Ministério da Educação seria transformado numa nova residência para cerca de 600 alunos do ensino superior, com quartos a rondar os 200 euros.

As obras acabaram por nunca sair do papel e o edifício de 13 andares continua fechado. “Era extraordinário ter esses quartos todos para os estudantes, mas têm um preço absurdo por quarto”, justificou Fernando Alexandre no Parlamento.

Ouça aqui as declarações de Filipa Roseta a partir da 1h18 minutos

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