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Portugal Fashion em formato digital e com curadoria da Farfetch

Depois de o evento de março ter sido adiado, o Portugal Fashion está de volta mas vem sem desfiles. A colaborar com a Farfetch, apostam em conteúdos digitais divulgados ao longo de duas semanas.

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MELISSA VIEIRA/OBSERVADOR

MELISSA VIEIRA/OBSERVADOR

Depois dos adiamentos e ausências no calendário da moda portuguesa, o Portugal Fashion reemerge da incerteza com um formato diferente — sem modelos na passarelle — e com um novo curador principal: a Farfetch. A partir desta terça-feira, 29 de novembro, vai começar a ser promovido um showcase digital que irá decorrer até dia 9 de novembro, com o final a ser marcado por um evento de apresentação físico de coleções no espaço BMcar Aliados, no Porto.

A possibilidade de um novo formato do Portugal Fashion, originalmente esperado no período de março/abril, não é novidade, com a designer Alexandra Oliveira, da Pé de Chumbo, a revelar ao Observador, ainda em março, que se previa uma edição sem desfile, “antes uma apresentação, ou um vídeo”, uma vez que seria “mais vantajoso ter uma campanha, para ter conteúdo para as redes sociais”.

Chegados ao final de outubro, e um dia antes desta campanha online arrancar, chegava o press com as novidades que se seguem. Ao Observador, Mónica Neto, diretora do Portugal Fashion, revelou que apesar de um desfile ser um formato de apresentação que gera conteúdos valiosos para que as marcas comuniquem de forma ativa com o público e o mercado, o Portugal Fashion propõe agora o desafio de “criar uma oportunidade de criação de conteúdo, procurando assim, enquanto plataforma de moda, materializar a sua missão com uma colaboração que será bastante útil para os designers, visto que poderão retirar daqui imagens em formato mais editorial, bem como conteúdos específicos de e-commerce, quer em live model, quer em fotos de produto, com um selo de qualidade inequívoco”. “Conteúdos esses que poderão agora alimentar lojas online, bem como redes sociais e outros meios de comunicação com imprensa, compradores e clientes”, acrescentou.

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Esse formato acontece agora, com o nome de Portugal Fashion Sessions – Phygital Showcase, e pretende continuar a promover a moda de autor portuguesa mas enquanto uma iniciativa virada para o digital. Ao longo das duas semanas, a partir desta terça-feira, fotografias e vídeos das coleções da temporada Outono/Inverno 2024/2025 de múltiplos designers vão ser partilhados nas redes sociais do Portugal Fashion. Sem o habitual desfile de apresentação, participam nesta produção de conteúdos os designers e marcas Ahcor, Lo Siento, Carolina Sobral, Huarte, House of Wildflowers, Judy Sanderson, Maria Gambina, Nopin, Nuno Miguel Ramos, Pé de Chumbo e Susana Bettencourt.

No entanto, esta versão digital do Portugal Fashion não seria possível sem a Farfetch, que sob nova alçada continua a dar prejuízo, e que está a colaborar para a produção de conteúdos de fotografia e vídeo: “Os designers nacionais têm, assim, uma oportunidade de verem as suas peças fotografadas por equipas profissionais da Farfetch que se revelam ferramentas de comunicação e venda fundamentais para as suas marcas”, explicou Mónica Neto.

“Estes conteúdos de fotografia e vídeo vão surpreender, na medida em que fogem ao tradicional formato de e-commerce e obedecem a uma direção criativa, com contextos e set design bastante divergentes entre si, mas sempre com o propósito de potenciar ao máximo a comunicação das coleções e a identidade das marcas de autor.”

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Além do projeto digital, a 9 de novembro decorre, espaço BMcar Aliados, no Porto, o evento físico do Portugal Fashion Sessions – Phygital Showcase que conta com a instalação de algumas peças das coleções com o objetivo de ser uma “oportunidade para imprensa, buyers e profissionais terem contacto com os designers e as suas coleções”. “A moda terá sempre o lado mais importante no contacto entre as pessoas, no toque e no sentir da roupa, e por esse motivo será sempre importante conseguir manter esse lado mais físico e presencial”, afirmou.

O Portugal Fashion deveria ter acontecido em julho, depois de ter sido adiado o evento que anualmente decorre em março, na semana a seguir à ModaLisboa, no entanto, a duas semanas da data marcada foi cancelado por falta de apoios — o mesmo motivo que levou ao adiamento no primeiro trimestre do ano. As edições do evento lançado em 1995 estavam a ser financiadas em 85% por fundos comunitários do Portugal2020, quadro que acabou — o financiamento não chegou às últimas edições de outubro de 2022, março de 2023 e outubro de 2023, sendo que a previsão de abertura para o quadro Portugal 2030 estimava-se então em abril de 2024. As edições do ano anterior foram possíveis com a ajuda de parceiros privados e institucionais, com destaque para a Câmara Municipal do Porto.

Em março deste ano, foi aberta uma investigação sobre o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder), que envolve Manuel Serrão e António de Sousa Cardoso. O empresário portuense e vogal da Associação Selectiva Moda foi considerado pelo Ministério Público “o principal mentor” do alegado esquema fraudulento na obtenção de subsídios comunitários e que levou a Polícia Judiciária a realizar, em 19 de março, 78 buscas no âmbito da Operação Maestro, na qual são também suspeitos o jornalista Júlio Magalhães, António Sousa Cardoso, que liderou a Associação de Jovens Empresários, e António Branco Silva.

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A investigação sustenta que, pelo menos desde 2015, Manuel Serrão, António Branco Silva e António Sousa Cardoso, “conhecedores das regras de procedimentos que presidem à candidatura, atribuição, execução e pagamento de verbas atribuídas no âmbito de operações cofinanciadas por fundos europeus, decidiram captar, em proveito próprio e das empresas por si geridas, os subsídios atribuídos à Associação Seletiva Moda e às sociedades No Less e House of Project — Business Consulting”.

A recente colaboração do Portugal Fashion com a Farfetch surge mais de meio ano depois de a plataforma de moda de luxo ter sido comprada pela sul coreana Coupang. Apesar da mudança, nos primeiros seis meses do ano, a Farfetch continuou a dar prejuízo, registando perdas de 230 milhões de dólares (210,5 milhões de euros ao câmbio atual). Depois da saída de José Neves do cargo de CEO, em fevereiro deste ano, a plataforma anunciou que ia dispensar  entre 25% e 30% dos funcionários a nível global.

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