O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em fim de mandato à frente da diplomacia dos Estados Unidos, criticou esta quarta-feira a lentidão com que o Senado confirma os nomeados como embaixadores, sublinhando que tal beneficia os adversários do país.
“O sistema está avariado“, lamentou, num discurso sobre os esforços de modernização do Departamento de Estado, o templo da diplomacia norte-americana, que emprega cerca de 14.400 pessoas em todo o mundo.
Isso “mina a nossa competitividade. Desencoraja o serviço público e, claro, alimenta as falsas narrativas dos nossos concorrentes sobre o nosso declínio e divisão”, argumentou.
Sublinhou que, sob a sua liderança, o Departamento de Estado começou a reorganizar-se para lidar com a crescente influência da China no mundo, nomeadamente através da criação de uma “Casa da China” interna para orientar a política norte-americana e da atribuição de recursos a áreas-chave como a saúde, as tecnologias emergentes e um recrutamento diversificado.
Mas considerou que esses esforços foram obstruídos pela lentidão com que o Senado aprova as nomeações, dando como exemplo que o tempo médio de espera para um embaixador, entre a sua nomeação para um cargo e a sua confirmação pelo Senado, é de 240 dias, em vez dos 50 dias que demorava em 2001.
O Senado norte-americano é o único órgão habilitado a aprovar ou reprovar todos os titulares de cargos de chefia nomeados pelo Presidente, desde os juízes do Supremo Tribunal, até aos ministros e altos responsáveis, como os embaixadores, que representam o país no estrangeiro.
Mas disputas internas entre democratas e republicanos atrasam frequentemente esse processo, dispondo cada senador de quase um direito de veto.
Assim, cerca de 15 missões diplomáticas norte-americanas estão inteiramente desprovidas de embaixadores, segundo a contagem da Associação Norte-Americana do Serviço Externo, entre as quais a Alemanha, a Turquia e o Camboja.
De forma notória, o Senado levou mais de um ano a aprovar o atual embaixador dos Estados Unidos em Pequim, Nicholas Burns, apesar de Washington ter erigido o gigante asiático como sua principal ameaça estratégica.
O posto de embaixador em Israel também foi deixado vacante durante meses, em plena guerra do país com o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, até à chegada de Jack Lew.
E a candidata ao cargo de embaixadora dos Estados Unidos na Líbia, Jennifer Gavito, diplomata de carreira, disse recentemente que desistia, após mais de dois anos de espera.