O professor catedrático em Ciência Política, investigador no ISCTE-IUL e politólogo, André Freire, morreu aos 63 anos, avança esta quarta-feira a RTP.

André Freire foi sujeito a uma intervenção cirúrgica a um ombro no Hospital da Luz, em Oeiras. Foi depois transferido para o Hospital São Francisco Xavier, onde acabou por morrer.

André Freire foi diretor do departamento em Ciência Política no ISCTE, assim como diretor da licenciatura naquela universidade de Lisboa. Também era investigador do Centro de Investigação e Estudos em Sociologia (CIES-IUL).

É autor de vários livros sobre atitudes e comportamentos eleitorais, o último dos quais foi “Eleições, Partidos e Representação Política”, editado já este ano. Segundo a sua nota biográfica, foi um dos pioneiros na criação dos estudos eleitorais em Portugal, com base em inquéritos de opinião pós-eleitorais, em 2002 e 2005.

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Nascido em Lisboa em 1961, André Freire licenciou-se em sociologia em 1995 no ISCTE-IUL – Instituto Superior Ciências Trabalho e da Empresa, em 1995 e nove anos depois, em 2004, fez o doutoramento em Ciências Sociais na Universidade de Lisboa.

Publicou mais de 30 livros, como autor ou co-autor, um dos primeiros em 2002 sobre a abstenção eleitoral, seguindo-se “Esquerda e Direita na Política Europeia” (2006), “Austeridade, Democracia e Autoritarismo” e “Da ‘geringonça’ à Maioria Absoluta” (2023). Politicamente, entrou nas primárias para se candidatar a deputado pelo Livre/Tempo de Avançar para as legislativas de 2015.

Foi colunista em jornais, como o Público e Jornal de Letras, e comentador nas televisões, como a RTP.

André Freire foi membro do Sindicato Nacional do Ensino Superior, tendo apoiado vários movimentos e manifestos — “Em defesa da democracia, da equidade e dos serviços públicos”, em 2011, Compromisso à esquerda (2009) e iniciativas como o Congresso Democrático das Alternativas, em 2012.

Marcelo: “Academia, debate público e sociedade civil ficaram mais pobres”

O Presidente da República expressou esta quarta-feira profundo pesar pela morte de André Freire e considerou que a academia, o debate público e a sociedade civil ficaram mais pobres, mas a sua obra perdurará.

Numa mensagem publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa afirma que recebeu “com profundo pesar” a notícia da morte do docente e investigador.

“A Academia, o debate público e a sociedade civil ficaram hoje mais pobres, mas a vasta obra que nos deixou perdurará”, considera o chefe de Estado.

O Presidente da República relembra “a relação pessoal de muitos anos” com André Freire e “apresenta sentidas condolências à família, amigos e ao Instituto Universitário de Lisboa”.

Livre lembra papel na “defesa do estado social”

O Livre manifestou “profundo pesar” pela morte de André Freire, lembrando o seu papel na “defesa do estado social e democrático”. Em comunicado, o partido salienta que André Freire “não se contentou apenas com o trabalho académico”, tendo participado nas primárias para se candidatar a deputado pelo Livre/Tempo de Avançar nas legislativas de 2015.

“Em 2015, num momento crítico para o país, o académico envolveu-se ativamente na candidatura LIVRE/Tempo de Avançar, tendo integrado as listas às eleições legislativas desse ano. O seu contributo e entusiasmo nesse processo é ainda hoje recordado”, lê-se na nota.

O partido recorda a “longa e respeitada carreira” do politólogo, assinalando que André Freire escreveu “mais de 30 livros” e publicou “mais de 100 artigos académicos, inclusive em revistas internacionais”. “Os seus projetos incidiram sobre os comportamentos dos eleitores e dos eleitos, as instituições políticas e a representação política, tendo sido pioneiro na criação dos estudos eleitorais”, é enaltecido no texto.

O partido também refere que Freire era “presença frequente em fóruns científicos e políticos nacionais e internacionais, tendo sido perito e consultor nas áreas de ensino superior e investigação na Ciência Política”. “Assumiu uma conduta participativa e de defesa do Estado social e democrático, coordenando o Observatório da Democracia e da Representação Política no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), que avalia o impacto de movimentos políticos extremos e as dinâmicas políticas em contexto de eleições e crises políticas em Portugal”, destaca o partido.