Nos últimos anos, a China transformou-se no maior mercado mundial para artigos de luxos, apontados às classes média e superior, precisamente o tipo de clientes que agora não estão a conseguir evitar a crise que assola o país. Daí que, só no 3.º trimestre do ano, o volume de vendas da Porsche tenha caído 29% no mercado chinês, o que contribuiu para uma redução de 41% nos lucros globais do construtor alemão no mesmo período. E, perante o cenário de queda contínua da procura no maior mercado do mundo, a marca germânica prepara-se para encerrar concessionários.

Já na primeira metade do ano a Porsche vendeu menos 33% neste país oriental, caindo de 43 mil para cerca de 29 mil unidades. Isto colocou a China abaixo dos EUA e da Europa no ranking mundial deste fabricante, o que justificou o anúncio que aponta para “uma redução significativa da rede de concessionários”.

De acordo com a Reuters, a tensa situação económica chinesa está a levar os consumidores locais a evitar os produtos mais caros, optando antes por adquirir bens com o value for money em mente. Isto levou o responsável financeiro da Porsche, Lutz Meschke, a declarar que “a China é um grande desafio para todos, não especificamente para nós, e não podemos assumir que este país vai voltar a ser o que era para as marcas europeias”. Meschke avançou ainda que a Porsche se está a preparar “para comercializar globalmente apenas 250.000 veículos nos próximo anos”, longe pois dos cerca de 300.000 que tem vendido anualmente.

A Porsche não é a única a sofrer com a redução das vendas de bens mais caros, tenham eles rodas ou não, uma vez que a crise é transversal a todo o mercado de luxo. Também a Mercedes está a lidar com uma quebra de vendas na China de 17%, comparativamente a 2023. A agravar este quadro, o Financial Times chama a atenção para o facto de as margens de lucro destas marcas mais reputadas também ter passado a ser inferior, pois têm sido realizados descontos e incentivos que consomem o lucro das empresas para evitar uma queda superior das vendas.

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