Foi uma daquelas semanas em que a instabilidade do vizinho do lado fez parecer que dentro de portas está tudo controlado. O Benfica surfou a onda dos últimos dias, onde o Sporting no geral e Rúben Amorim em particular estiveram nas capas dos jornais, e aproveitou para carimbar duas vitórias consecutivas com oito golos marcados e nenhum sofrido.

Os encarnados derrotaram o Rio Ave no Campeonato e o Santa Clara na Taça da Liga, respondendo de forma imediata à escorregadela na Liga dos Campeões contra o Feyenoord — a primeira com Bruno Lage, que aparentemente ensinou lições à equipa, mas não deixou nódoas negras relevantes. Este sábado, visitavam um Farense que está no último lugar da Liga. Mais do que isso, procuravam o terceiro triunfo seguido na antecâmara da visita ao Bayern Munique, na Liga dos Campeões, e da receção ao FC Porto, no primeiro Clássico da temporada na Luz.

Ficha de jogo

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Farense-Benfica, 1-2

10.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Algarve, em Faro

Árbitro: Cláudio Pereira (AF Aveiro)

Farense: Ricardo Velho, Pastor, Lucas Áfrico, Artur Jorge (Álex Millán, 76′), Marco Moreno, Paulo Victor, Miguel Menino (Rafael Barbosa, 63′), Cláudio Falcão (Álex Bermejo, 63′), Ângelo Neto, Elves Baldé (Gio, 63′), Darío Poveda (Cuba, 52′)

Suplentes não utilizados: Kaique, Derick Poloni, Raul Silva, Rivaldo Morais

Treinador: Tozé Marreco

Benfica: Trubin, Alexander Bah (Jan-Niklas Beste, 45′), Tomás Araújo, Otamendi, Álvaro Carreras, Florentino, Fredrik Aursnes, Kökçü (Renato Sanches, 90+1′), Di María (Schjelderup, 87′), Pavlidis (Arthur Cabral, 87′), Aktürkoğlu (Amdouni, 76′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, António Silva, Issa Kaboré, Rollheiser

Treinador: Bruno Lage

Golos: Darío Poveda (15′), Álvaro Carreras (21′), Pavlidis (54′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Ângelo Neto (84′)

“Não podemos dizer que o próximo jogo é com o FC Porto. O próximo jogo é com o Farense. O nosso assunto do momento é o Sporting Clube Farense. A dificuldade da quantidade de jogos e do facto de ser um adversário que tem vindo a crescer. Isso tem surgido nos últimos jogos e a dificuldade vem daí. Vem também do facto de estarmos a competir de dois em dois dias. Perspetivamos um jogo difícil, mas é partir com a mesma ambição de sempre. Para nós é uma final, sabemos que é importante conquistar os três pontos e é dessa forma que vamos encarar o jogo. Esperamos dificuldades, mas para nós é encarado como uma final”, disse o treinador encarnado na antevisão da partida.

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Neste contexto, Bruno Lage recuperava o onze mais habitual depois de ter feito muitas mudanças contra o Santa Clara, na Taça da Liga, e restaurava a titularidade de Florentino no meio-campo, com Beste a começar no banco e Aktürkoğlu a voltar ao corredor esquerdo. Tomás Araújo, como vem sendo cada vez mais normal, era o dono do lugar ao lado de Otamendi no eixo defensivo. Do outro lado, num Farense que tinha apenas uma vitória no Campeonato, Tozé Marreco potenciava o regresso de Elves Baldé ao onze, com Darío Poveda a aparecer também no ataque algarvio.

O jogo começou desde logo com dois remates, com Di María a atirar para Ricardo Velho encaixar (3′) e Darío Poveda a fazer o mesmo com Trubin (5′), e foi assim que se percebeu que a primeira parte teria um ritmo interessante. O Farense não tinha grande interesse em limitar-se ao próprio meio-campo, apesar das claras preocupações defensivas sempre que o Benfica tinha a bola, e beneficiava até de alguma facilidade na forma que chegava ao último terço contrário.

A equipa de Bruno Lage desequilibrava essencialmente através de remates de fora da grande área, já que o conjunto de Tozé Marreco colocava muita gente à frente da baliza de Ricardo Velho e não permitia incursões interiores. Tanto Kökçü (9′) como Pavlidis (13′) tentaram a sorte, ambos com remates de longe que não acertaram sequer no alvo, e o Farense acabou por aproveitar para abrir o marcador.

Num lance simples, Miguel Menino fugiu a Álvaro Carreras e soltou Pastor na direita, que cruzou para o coração da grande área; aí, vindo de trás e em antecipação total ao distraído Bah, Darío Poveda desviou de primeira a bateu Trubin (15′), estreando-se a marcar pelo Farense. Bruno Lage pediu calma aos jogadores do Benfica e a verdade é que os encarnados demoraram pouco mais de cinco minutos a alcançar o empate. Aktürkoğlu conduziu em velocidade descaído na direita, abriu para o lado contrário e encontrou Carreras, que atirou livre de marcação para superar Ricardo Velho e recuperar a igualdade (21′).

O Benfica assumiu um domínio mais claro a partir desse momento, com o Farense a baixar as linhas e a dar prioridade à organização defensiva para depois tentar sair em contra-ataque. Os encarnados passaram o último quarto de hora da primeira parte completamente inseridos no meio-campo contrário, mas não conseguiram criar verdadeiras oportunidades de golo e foram desperdiçando lances com remates inconsequentes que Ricardo Velho controlava sem esforço. Ao intervalo, Farense e Benfica estavam empatados no Algarve.

Bruno Lage mexeu logo no início da segunda parte e tirou Alexander Bah para lançar Beste, colocando Aursnes na direita da defesa, o alemão aberto na esquerda e Aktürkoğlu em espaços mais interiores e próximos de Pavlidis. Os primeiros minutos depois do intervalo voltaram a ser muito intensos, tal como tinha acontecido no primeiro tempo, e poderiam ter tido golos nas duas balizas: Ricardo Velho evitou o golo de Pavlidis com uma intervenção enorme (49′) e Darío Poveda, segundos depois, atrapalhou-se com a bola quando estava quase isolado na cara de Trubin (49′).

Tozé Marreco fez a primeira substituição logo a seguir, trocando Poveda por Cuba, mas o Benfica não prolongou que a indecisão se prolongasse muito mais. Num contra-ataque muito rápido, Di María descobriu Aktürkoğlu já na área, o turco cruzou para dentro e Pavlidis, bem posicionado, desviou para bater Ricardo Velho e carimbar a reviravolta (54′). O treinador do Farense voltou a mexer pouco depois, colocando Rafael Barbosa, Gio e Álex Bermejo de uma vez, mas os algarvios não tinham capacidade para contrariar a gestão do Benfica.

Bruno Lage entrou claramente em velocidade-cruzeiro a cerca de 15 minutos do fim, quando trocou Aktürkoğlu por Amdouni, e os encarnados já nem precisavam de implementar grande intensidade para controlar as ocorrências, já que o Farense parecia incapaz de discutir o resultado. Gio ainda teve um remate forte de fora de área, com Trubin a encaixar (75′), os últimos instantes trouxeram os habituais lances de perigo junto da baliza encarnada face à margem mínima e à ansiedade criada pela escassa vantagem, mas já nada mudou.

No fim, o Benfica venceu o Farense no Algarve e somou o terceiro triunfo consecutivo, mantendo as distâncias para Sporting e FC Porto e partindo da melhor maneira para a visita ao Bayern Munique e para a receção ao FC Porto. Num jogo sem grande nota artística e essencialmente eficaz, Álvaro Carreras voltou a ser dos melhores elementos da equipa de Bruno Lage, marcou um golo e mostrou que é atualmente uma peça absolutamente indiscutível nos encarnados.