O ex-secretário de estado socialista Jorge Seguro Sanches desistiu de presidir à Unidade Local de Saúde Almada/Seixal, uma das maiores do país. Segundo a RTP, Seguro Sanches comunicou à tutela e à Direção Executiva do SNS (que ainda tem a responsabilidade das nomeações dos conselhos de administração) já não ter disponibilidade para assumir o cargo. Pedro Azevedo, médico da CUF e militante do PSD/Almada, é a nova escolha.
Segundo a RTP, Seguro Sanches recuou por não estarem “reunidas as condições pessoais e profissionais” para assumir o cargo. O nome do ex-secretário de estado da energia tinha sido anunciado, há cerca de dois meses, pela secretária de estado da saúde, Ana Povo, numa entrevista à RTP.
O convite surgiu depois de a Direção Executiva do SNS ter decidido afastar o conselho de administração da Unidade Local Almada-Seixal, que integra o Hospital Garcia de Orta, liderado desde 2022 por Teresa Luciano. A ainda presidente da ULS revelou, há pouco mais uma semana, na Assembleia da República, que o diretor-executivo, António Gandra D’Almeida, lhe pediu, num telefonema de menos de três minutos, para que os membros da administração apresentassem a demissão. A partir daí, nada aconteceu e Teresa Luciano garante que não se vai demitir.
Na base da demissão, aparentemente ainda não concretizada, terão estado os encerramentos não programados da urgência de Obstetrícia do Hospital Garcia de Orta durante o verão, em períodos onde este era o único serviço de urgência a dar resposta às grávidas em toda a Península de Setúbal. No Parlamento, Teresa Luciano disse que contudo que a demissão do conselho de administração não foi “fundamentada” por Gandra D’Almeida.
Tal como o Observador avançou, a Direção Executiva do SNS ficou desagradada com o facto de o Hospital Garcia de Orta não ter cumprido o esquema de rotatividade acordado antes do início do verão entre as três urgência de Obstetrícia da Península de Setúbal, e que previa que um dos três serviços da região (nos hospitais Garcia de Orta, do Barreiro e de Setúbal) teria de estar aberto, à vez, para garantir a resposta às grávidas e evitar encaminhamentos para Lisboa. Em julho e agosto, o Garcia de Orta não cumpriu o acordo, por falta de médicos obstetras para preencher as escalas.