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Um tribunal abriu esta segunda-feira uma investigação aos incidentes de domingo na localidade de Paiporta, Valência, durante a visita do Rei de Espanha, Felipe VI, a uma das zonas mais afetadas pelas inundações no país.
A investigação foi aberta na sequência de um auto da Guarda Civil, disse esta segunda-feira num comunicado o Tribunal de Justiça da Comunidade Valenciana.
O ministro da Administração Interna, Fernando Grande-Marlaska, já tinha afirmado esta segunda-feira, durante a manhã, que a Guarda Civil estava a investigar o ocorrido no domingo em Paiporta.
A Guarda Civil é uma força de segurança que, em Espanha, tem também competência de investigação judiciária.
A investigação agora aberta pelo tribunal averigua a possibilidade de três delitos: atentado, desordem pública e danos, segundo fontes judiciais citadas por diversos meios de comunicação social.
O Rei visitou no domingo uma das localidades mais afetadas pelas inundações de terça-feira da semana passada no leste de Espanha e ouviu insultos da população, que atirou lama a Felipe VI e à comitiva que o acompanhava, numa situação considerada inédita ou, pelo menos, muito rara nos últimos 40 anos, desde que foi restaurada a democracia e a monarquia em Espanha.
Felipe VI foi a Paiporta acompanhado pela rainha, Letizia, pelo primeiro-ministro, Pedro Sánchez (socialista), e pelo presidente do governo regional da Comunidade Valenciana, Carlos Mazón (Partido Popular).
Todos foram alvo de insultos, de lama e de outros objetos, com um grupo de pessoas a gritar palavras como “assassinos” e a queixar-se de falta de apoio e assistência por parte das autoridades face ao impacto das inundações.
Sánchez e Mazón abandonaram o local, de onde foram retirados por seguranças, enquanto Felipe VI e Letizia prosseguiram a visita pelas ruas de Paiporta, falaram com a população e abraçaram várias pessoas, mesmo após os insultos e de terem sido atingidos por lamas.
O Governo espanhol tem dito, através de várias fontes, que o protesto foi organizado nas redes sociais por grupos ligados à extrema-direita.
O ministro Fernando Grande-Marlaska disse esta segunda-feira que os insultos e o lançamento de lama e outros objetos vieram de uma “minoria violenta” e afirmou esperar que todas essas pessoas fossem rapidamente identificadas pela Guarda Civil.
Grande-Marlaska evitou referir ou confirmar a ligação à extrema-direita e limitou-se a afirmar que havia um “mínimo de organização” entre os protagonistas dos incidentes.
Após os incidentes, Felipe VI disse que é preciso compreender “a raiva e a frustração” que expressaram as pessoas em Paiporta.
O Rei disse estar em causa um “desastre monumental” que afetou muitas vidas.
“A estas pessoas devemos dar-lhes esperança, atender a emergência, mas também garantir que o Estado em toda a sua plenitude está presente”, sublinhou o monarca, que também se manifestou convencido de que a situação vai melhorando dia a dia.
Também Pedro Sánchez disse compreender “a angústia e o sofrimento” das vítimas das inundações, mas condenou os incidentes.
“Gostaria de expressar a nossa solidariedade e o reconhecimento do Governo espanhol pela angústia e o sofrimento” das pessoas afetadas, disse Pedro Sánchez, que repudiou a seguir “qualquer tipo de violência” e considerou que os incidentes foram provocados por “alguns elementos absolutamente marginais”.
Os protestos e a violência de que foram alvo os monarcas e o primeiro-ministro foram condenados pela generalidade dos partidos políticos, incluindo a maior força da oposição, o Partido Popular.
O leste de Espanha, em especial a região de Valência, foi atingido na terça-feira por um temporal que causou, provavelmente, as maiores inundações da Europa neste século, disse Sánchez no sábado, reconhecendo haver uma “situação trágica” e uma resposta insuficiente das autoridades até então.
Há até agora 217 mortos confirmados e dezenas de famílias continuam a procurar pessoas desaparecidas, segundo as autoridades.