Quatro anos depois de uma derrota após um primeiro mandato na Casa Branca, Donald Trump volta a ser Presidente dos EUA. Os resultados já conhecidos mostram que o republicano conquistou o voto dos latinos, continuou a ganhar entre os homens brancos, recuperou algum eleitorado feminino (apesar de Kamala ter o aborto como bandeira), seduziu muitos jovens e ainda dominou completamente (e de novo) nas zonas rurais.

A história desta eleição conta-se através de vários números que permitiram a Trump tornar-se apenas o segundo Presidente dos EUA a vencer em mandatos não consecutivos. Durante a noite eleitoral, diversos órgãos de comunicação social foram revelando os resultados de sondagens à boca das urnas que ajudam a explicar quem contribuiu para que o republicano voltasse a sentar-se numa das cadeiras mais poderosas do mundo.

Género. Harris venceu nas mulheres, mas fez pior que Biden e Clinton

A conquista do eleitorado feminino foi uma das grandes bandeiras de Kamala Harris. Apesar de ter vencido esta batalha frente a Donald Trump, não foi melhor sucedida do que os seus antecessores democratas. Nas contas da CNN é possível ver que Biden, em 2020, fez melhor do que Clinton em 2016, mas Harris ficou atrás de ambos. E ainda viu Trump voltar a crescer ligeiramente entre o eleitorado feminino.

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No que toca aos homens, de acordo com dados da NBC News e da CNN, Trump subiu relativamente às eleições anteriores, enquanto Harris perdeu parte dos eleitores que Biden tinha conquistado em 2020. Nas contas do Washington Post, Harris obteve 44% dos voto dos homens, enquanto Trump conseguiu 54%. A percentagem de mulheres foi o oposto: 54% para Harris, 44% para Trump.

Latinos. Homens deram a mão a Trump, que inverteu tendência de vitória democrata

A grande reviravolta destas eleições aconteceu graças aos homens latinos. Neste segmento, tanto Clinton como Biden tinham vencido nas eleições anteriores (2016 e 2020) mas, desta vez, refere a CNN, Trump ficou à frente de Harris. Apesar de registar a mesma tendência, com a NBC a reportar uma ligeira vantagem para os democratas, a verdade é que, independentemente do valor, a subida abrupta de Trump entre estes eleitores terá contribuído em grande medida para a sua vitória.

De acordo com o Washington Post, no Michigan, por exemplo, Trump conseguiu 62% destes votos e na Carolina do Norte e no Nevada bateu-se de igual para igual com Harris.

Já as mulheres latinas continuam a preferir votar no partido democrata, mas a descida da ainda vice-presidente dos EUA relativamente a Clinton e Biden foi bastante considerável. E foi Trump quem ganhou espaço entre este eleitorado.

Negros. Harris vence destacada entre os negros, mais ainda nas mulheres

Tal como é tradicional entre os democratas, Kamala Harris venceu destacada entre mulheres e homens negros, com o resultado a ser ainda mais expressivo entre o eleitorado feminino. Ainda assim, segundo a CNN, desceu ligeiramente face a Biden nos homens negros, mas compensou ao subir relativamente ao atual Presidente no que às mulheres negras diz respeito.

Os dados do Washington Post dão conta que Harris somou 86% do voto negro a nível nacional.

Brancos. Trump continua a conquistar homens brancos

Donald Trump ganhou no eleitorado branco, tanto nos homens como nas mulheres, apesar de ter descido ligeiramente a votação em ambos os casos. Nos homens brancos, os republicanos continuam a levar uma grande vantagem face aos democratas, Trump perdeu alguns eleitores para Harris, mas mantém uma esmagadora fatia deste eleitorado ao seu lado.

No que toca às mulheres brancas, Trump continua a ser o mais votado, mas Harris roubou-lhe parte do eleitorado que tinha conquistado em 2020. Segundo a CNN, foram pelo menos 6% de diferença face à luta com Biden.

 Educação. Harris e Trump divididos entre eleitores com e sem estudos

Os democratas continuam a levar a melhor no que toca às pessoas com estudos: Harris subiu, Trump desceu. Numa análise mais detalhada, a CNN explica que, nos eleitores brancos com estudos, o republicano — que em 2016 venceu e em 2020 caiu para trás de Biden — voltou novamente a perder para os democratas. Harris fez melhor do que o antecessor nesta área, conseguindo com que mais homens com diploma votassem em si.

Ainda entre os detentores de estudos superiores, os democratas continuam a destacar-se entre os eleitores negros com estudos, mas Harris contribuiu para uma nova descida face aos dois antecessores. E também aqui Trump registou uma ligeira subida à boleia da perda dos democratas.

Nos eleitores brancos sem estudos, Trump mantém uma enorme vantagem relativamente a Harris. Mesmo assim é visível, nos dados da CNN, uma ligeira descida — que já se registou também em 2020 — do republicano e uma ligeira subida de Harris face a Biden. Já entre os eleitores negros sem estudos, a democrata manteve a maioria dos votos, ainda que tenha perdido muitos dos eleitores de Biden em 2020 (que, por sua vez, já tinha feito pior do que Clinton). Trump também regista uma subida neste segmento.

Kamala Harris destaca-se entre as mulheres brancas com estudos. Nem Clinton nem Biden fizeram melhor ou sequer próximo da atual vice-presidente. Com esta subida provocou uma descida de Trump neste eleitorado. Já nas mulheres brancas sem estudos é o republicano quem leva a melhor. Desce ligeiramente face a 2020, mas o valor é praticamente insignificante.

Nos homens brancos com diplomas, Trump tem vindo a perder desde 2016 e, desta vez, acabou mesmo derrotado por Harris, ainda que a diferença seja muito reduzida. A CNN mostra também que entre os homens brancos sem diploma, Trump continua a levar a melhor com uma vantagem confortável, ainda que Harris tenha conquistado alguns eleitores, mas não os suficientes para Trump não arrasar entre este tipo de votantes.

Idade. Harris deixou fugir jovens para Trump

Numa visão geral, Donald Trump só levou a melhor entre os eleitores entre os 45 e os 64 anos, ao conseguir 53% contra os 45% de Kamala, segundo os dados do Washington Post. Trump tinha sofrido uma perda para Biden, mas recuperou-a e atingiu os valores conseguidos frente a Clinton.

Porém é preciso um olhar mais amplo para o caso dos jovens: em 2020, Biden ficou a 24 pontos percentuais de Trump na faixa etária entre os 18 e os 29 anos. Agora, Harris ficou a apenas a 13%, o que significa que o republicano conseguiu seduzir os eleitores mais jovens. Na faixa etária entre os 30 e os 44 anos Harris não perdeu muito face a 2020, ainda que tenha permitido a Trump conquistar algum deste eleitorado com uma subida ligeira. Números da NBC News revelam mesmo que, no Michigan, Trump conseguiu ficar à frente de Harris.

Kamala Harris, por outro lado, conseguiu manter-se levemente à frente de Trump nas pessoas com mais de 65 anos, sendo que esta faixa etária costuma pender mais para os republicanos.

Geografia. Trump recuperou zonas rurais em força

Em 2016, Donald Trump teve uma vitória esmagadora nas zonas mais rurais dos EUA, em 2020 teve uma queda abrupta nos mesmos locais e nesta eleição recuperou tudo e voltou ao ponto de partida. Nas contas da CNN tinha conseguido mais 27 pontos percentuais do que os democratas em 2016, desceu para uma diferença de 15 pontos percentuais frente a Biden em 2020 e desta vez não deixou lugar para dúvidas: novamente 27 pontos de diferença. Voltou a seduzir quem vive e trabalha nas zonas mais rurais, o que está a ser visto como outros dos pontos mais relevantes para a vitória.

Donald Trump também recuperou parte dos eleitores suburbanos que tinha perdido em 2020 e venceu a Harris, quando tinha sido derrotado por Biden nesta área. Já nas cidades, os democratas continuam a fazer melhor do que os republicanos e Harris até conquistou mais eleitores do que o seu antecessor.