O Presidente da República recebeu esta quarta-feira dezenas de deputados do Chega no Palácio de Belém, cerca de 40, correspondendo ao pedido de André Ventura para lhe apresentar um protesto com todo o seu grupo parlamentar.
O presidente do Chega, André Ventura, e os restantes deputados do partido chegaram ao Palácio de Belém um pouco depois das 11h00 e foram recebidos na Sala Arrábida pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
O encontro pedido pelo Chega, que durou perto de 10 minutos, teve como objetivo entregar ao Presidente da República um protesto escrito pela sua atuação na sequência da morte de Odair Moniz, baleado pela polícia, e dos distúrbios que se seguiram na Grande Lisboa.
No fim, André Ventura prestou declarações aos jornalistas na Sala das Bicas durante quase 15 minutos, rodeado pelos outros deputados do Chega, e agradeceu a Marcelo Rebelo de Sousa por se ter disposto a, excecionalmente, receber todo um grupo parlamentar.
“O senhor Presidente da República facilitou uma reunião conjunta com todo o grupo parlamentar, algo que é inédito e que também não queríamos deixar de sublinhar, não obstante, sublinhe, o protesto que entregámos. E também demos conta ao Presidente da República, que o levaremos à Assembleia da República”, afirmou.
Segundo o presidente do Chega, na sequência da morte de Odair Moniz, Marcelo Rebelo de Sousa “não priorizou, não destacou e não sublinhou a atuação policial nem a instituição policial, o seu prestígio e a sua autoridade, pelo contrário”.
André Ventura criticou o Presidente da República por ter conversado com familiares e amigos do homem que morreu baleado por um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) na madrugada de 21 de outubro na Cova da Moura, no concelho da Amadora, distrito de Lisboa, em circunstâncias que estão sob investigação.
No seu entender, Marcelo Rebelo de Sousa “transmitiu um sinal político errado ao país, de que o Presidente da República, enquanto mais alto representante do Estado, estaria a dar um sinal de proteção e acolhimento àquelas pessoas e de não proteção e de não acolhimento às forças de segurança e às forças da autoridade”.
“Independentemente do que venha a ser apurado, as principais instituições do Estado devem, por princípio, manter-se ao lado do Estado de direito e das suas instituições, devem fortalecer a autoridade da polícia e não minar a autoridade da polícia”, sustentou.
A Presidência da República comunicou na sexta-feira à noite que o chefe de Estado iniciou “visitas informais na zona da Grande Lisboa, tendo estado na Amadora, juntamente com o presidente da Câmara Municipal, no bairro do Zambujal, onde visitou a esquadra da PSP e conversou com diversos moradores daquele bairro, incluindo familiares de Odair Moniz”, e que “também jantou na Amadora, onde visitou o quartel dos bombeiros”.
Mais tarde, foi divulgada outra nota a dar conta de que o Presidente da República tinha visitado “o Bairro da Cova da Moura, onde contactou com vários moradores”, acompanhado pelo presidente da Câmara da Amadora, depois de jantar na Damaia,
Já no sábado, a Presidência da República informou que Marcelo Rebelo de Sousa falou “com a mãe de Tiago, motorista da Carris Metropolitana vítima do ataque ao autocarro que conduzia e que foi incendiado” e confirmou “a evolução positiva do seu estado de saúde, que tem vindo a acompanhar, respeitando as restrições próprias da hospitalização, desde o primeiro momento”.
Nessa noite, através de comunicado, o presidente do Chega anunciou que tencionava deslocar-se ao Palácio de Belém para apresentar ao chefe de Estado um protesto formal, “pela sua atuação lamentável face aos eventos ocorridos nas últimas semanas”, com todo o seu grupo parlamentar, indicando desde logo uma data e uma hora em concreto: esta quarta-feira, pelas 15h30.
Na terça-feira, André Ventura foi informado por carta de que o Presidente da República estava disponível para receber uma delegação do Chega esta quarta-feira, dando-lhe a escolher entre as 11:00 e as 18:00.