Depois da reunião de emergência da comissão política do PSD-Madeira para analisar a possibilidade de o PS aprovar a moção de censura do Chega, Miguel Albuquerque recusa demitir-se e apela aos socialistas para que não embarquem “nessas demagogias e expedientes rocambolescos no sentido de criar instabilidade política”.

“Se pensam que vou sair para porem um líder provisório para depois deitarem abaixo e conquistarem o poder estão enganados. Estamos aqui para dar a cara. E eu estou aqui para dar a cara. Eu não me demito”, afirmou, aos jornalistas, mais de 1h30 depois da hora prevista.

Um governo sem Albuquerque — uma possibilidade analisada dentro do PSD-Madeira — seria uma “fraude”. “Seria um cenário em que seria considerado que quando o povo vota num partido numas eleições não vota no candidato para Presidente do Governo. Seria uma fraude e uma tentativa de enfraquecer o partido por dentro”, afirmou.

Albuquerque considera ter legitimidade política para continuar no cargo e frisa que “quem determina quem é o Presidente da Madeira é o povo através de eleições democráticas, não é através de golpes parlamentares nem de golpes partidários que o PSD alguma entregará o poder”.

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Em causa está a moção de censura apresentada pelo Chega e que o PS-Madeira admitiu apoiar. Já o Juntos pelo Povo (JPP) ainda não anunciou o sentido de voto e remeteu um anúncio para depois da reunião com os militantes e a comissão política, que deve acontecer na próxima semana, segundo a RTP Madeira. Vários cenários estão em cima da mesa e, como escreveu o Observador, um dos que foi analisado pelo PSD-Madeira passa por um governo regional sem Miguel Albuquerque, uma opção rejeitada veementemente pelo próprio. “Estamos aqui para cumprir um programa sufragado há menos de seis meses”, defendeu.

Miguel Albuquerque diz ter a confiança do conselho regional e garante que a comissão política foi “unânime” em decidir pela sua continuidade. Mas também assegura que o partido não terá “qualquer problema” em ir a eleições “se for necessário”. “Estamos preparados para qualquer cenário político que se coloque ao nosso partido.” O social-democrata mantém a confiança nos secretários regionais que estão a ser investigados. Na terça-feira, foi noticiada a investigação também ao secretário regional do Turismo por um alegado crime de prevaricação.

Esse tinha sido um dos argumentos apresentados pelo Chega: a investigação que envolve alguns secretários regionais, mas também as suspeitas que recaem sobre o próprio Miguel Albuquerque, que é arguido num processo desde o início do ano. “Achamos que neste momento o governo liderado por Miguel Albuquerque e Miguel Albuquerque não têm condições para liderar a Região Autónoma da Madeira”, referiu Miguel Castro, líder regional do Chega na Madeira, esta semana.

O Presidente da Madeira considera “fundamental” que “não haja mais instabilidade política” e argumenta que há compromissos com a administração pública que seriam prejudicados com uma crise política.

PSD estuda governo sem Albuquerque, mas presidente da Madeira não se demite e manda parar jogadas de “bastidores”