É a notícia do dia em Inglaterra. Gary Lineker, antigo internacional inglês e apresentador do mítico programa “Match of the Day” há 25 anos, vai deixar a BBC no final da atual temporada. Em comunicado oficial, confirmando os vários rumores que já tinham surgido durante esta segunda-feira, a cadeia britânica explicou que o apresentador será incluído na abertura do próximo Campeonato do Mundo, em 2026, mas irá deixar a apresentação do programa do fim de 2024/25.
“Depois de 25 temporadas, o Gary vai deixar o ‘Match of the Day’. Queremos agradecer-lhe por tudo o que fez pelo programa, que continua a atrair milhões de espectadores todas as semanas. Vai fazer muita falta ao programa, mas estamos muito contentes por continuar a colaborar com a BBC. Estamos encantados por poder liderar a nossa cobertura do próximo Campeonato do Mundo e também da atual edição da Taça de Inglaterra”, pode ler-se no comunicado da BBC, assinado por Alex Kay-Jelski, o recém-apontado diretor da BBC Sport. A nota acrescenta ainda que o antigo jogador “estava aberto a permanecer” no programa, mas a cadeia não ofereceu a continuidade.
The end of an era, after more than 25 years hosting Match of the Day.
Gary will continue to host the FA Cup and lead the BBC's 2026 World Cup coverage.#MOTD #BBCFootball pic.twitter.com/VGU9QIuW80
— Match of the Day (@BBCMOTD) November 12, 2024
A ideia de que Gary Lineker poderia mesmo deixar a apresentação do programa, cargo que ocupa ininterruptamente desde 1999, começou a surgir nos últimos dias. O jornal The Telegraph foi dos primeiros a avançar que as negociações entre o antigo internacional inglês e a BBC com vista à renovação do contrato, que começaram há cerca de seis meses, não tinham chegado a bom porto. No início do mês, tinha sido o próprio Lineker a abrir a porta à saída da apresentação regular do programa.
“Posso recusar renovar contrato. Não sei se vai acontecer ou não. Mas tenho de abrandar em algum lado, a dada altura… Estou a ficar velho”, disse o antigo jogador em entrevista à revista Esquire, deixando a ideia de que queria dedicar mais tempo à Goalhanger Podcast, a produtora que fundou em 2019 e que produz os podcasts “The Rest is Politics”, “The Rest is Entertainment”, “The Rest is History” e “The Rest is Football”. Este último conta com a participação de Gary Lineker, para além de Micah Richards e Alan Shearer.
Ou seja, existe a clara possibilidade de o próprio Gary Lineker também não ter lutado muito pela continuidade no “Match of the Day”. Em Inglaterra, porém, nem todos acreditam que foi o antigo avançado do Tottenham e do Barcelona a abrir a porta à saída. Muitas vezes polémico, muitas vezes disruptivo, Lineker chegou a ser suspenso pela BBC em março do ano passado depois de ter comparado a lei de imigração do governo de Rishi Sunak à “utilizada pela Alemanha nos anos 30”.
Na altura, os colegas Alan Shearer e Ian Wright colocaram-se ao lado do apresentador e garantiram que não participariam no programa até que este voltasse — e a BBC reintegrou-o, sem que este pedisse desculpa, prometendo ainda rever a política de utilização das redes sociais por parte dos funcionários.
Mas a polémica não ficou por aí. No final do ano passado, Gary Lineker respondeu diretamente a deputados do Partido Conservador nas redes sociais, após ter partilhado uma entrevista que um académico acusava Israel de estar a levar a cabo um “genocídio” na Palestina e ter assinado uma carta aberta que exigia ao governo um novo plano para os refugiados. Num texto assinado no jornal The Telegraph, um antigo diretor de programas da BBC acusou o apresentador de ter uma postura “ofensiva e embaraçosa” e defendeu que o “Match of the Day” ficaria “completamente bem” sem a sua presença.
Ora, fatores que levaram Eamonn Holmes, apresentador da GB News, a considerar que a saída de Gary Lineker é “uma vendetta pessoal” contra o antigo jogador, dirigindo-se diretamente a Alex Kay-Jelski, o recém-apontado diretor da BBC Sport. “A BBC investiu tanto dinheiro no Gary, treinaram-no como não treinaram ninguém. Ele ficou muito associado ao programa. Ouvi dizer que ele não queria sair, mas que a BBC decidiu que já chegava, que ele tinha de sair”, indicou Holmes, que apesar de tudo disse não estar “surpreendido” com a notícia.