Marine Le Pen, antiga candidata presidencial e ex-líder da União Nacional (RN), pode ficar impedida de concorrer às eleições presidenciais de 2027, uma ambição que nunca escondeu. O Ministério Público de Paris pediu, esta quarta-feira, uma pena de prisão de cinco anos (dois dos quais em pena suspensa) e a inibição do exercício de cargos públicos durante cinco anos para a líder parlamentar da RN, avança o Le Monde.
Em causa, está o processo judicial em que Marine Le Pen e 24 outros rostos da União Nacional estão envolvidos. Segundo a acusação, terão elaborado um “sistema organizado” de apropriação indevida de fundos do Parlamento Europeu que beneficiaria o partido. O Ministério Público acusa mesmo o partido de ter elaborado “contratos artificiais” para assistentes no órgão europeu.
Este “sistema de gestão centralizada” teria como finalidade utilizar o dinheiro cedido pelo Parlamento Europeu aos eurodeputados — e que deveria ser usado para pagar aos assistentes — para pagar os vencimentos a funcionários da União Nacional, tais como guarda-costas, designers gráficos ou secretários.
Em reação, Marine Le Pen acusa o sistema judicial de “impedir que seja candidata presidencial” em 2027. “É preciso ser surdo e cego para não ver isso”, atirou. Na semana passada, a política já tinha denunciado que a pena de não poder cargos políticos teria “consequências extremamente graves” para muitos franceses.
Para além de Marine Le Pen, o Ministério Público interditaria os restantes arguidos de se candidatarem a futuras eleições locais ou nacionais. Os procuradores pretendem ainda que a União Nacional pague 4,3 milhões de euros, 300 mil dos quais pela antiga candidata presidencial.
A equipa legal que defende Marine Le Pen vai apresentar os seus argumentos perante o juiz a 27 de novembro. A sentença está prevista que seja lida no início do próximo ano. Mesmo que até seja declarada culpada, a ex-candidata presidencial pode recorrer da decisão, esperando-se, neste cenário, uma novo capítulo da batalha legal.